Um dos serviços fundamentais para a vida de todos nós, sem dúvida alguma, é o serviço de transporte público de nossa cidade. Das cidades, de um modo geral. A vida da gente acontece na cidade. Nascemos, vivemos e morremos aqui. A cidade deve ser o lugar do encontro de todos nós – de todas as pessoas com suas diversidades, pluralidades e modos de ser. A circulação entre elas para um encontro com um/a amigo/a; fazer tratamento de saúde ou odontológico; realizar compra de alimentos e outras necessidades é facilitada pelo transporte público, notadamente pelos ônibus que engrossam o trânsito da cidade – outro grande desafio – além dos importantes e necessários aplicativos do setor e taxis convencionais.
Não é de hoje – vem de longe – a escuta que eu tenho de algumas pessoas idosas que fazem reclamações de uns poucos profissionais do transporte coletivo em JF: não param nos pontos indicados onde elas vão descer; dão partida no ônibus de qualquer jeito, não esperam a pessoa idosa se acomodar no banco que lhe é devido, e que também, na maioria das vezes, está ocupado por passageiro/a que está distante de ter mais de 60 anos , e que “fingem demência” ou no mesmo sentido do que essa expressão quer dizer, fazem “cara de paisagem”, tornando invisíveis as pessoas idosas que estão à sua frente. Esses comportamentos exemplificados estão presentes no uso do transporte, que é público, portanto, é para todas e todos, e que tem um custo. Deixa a desejar nessa relação de respeito e atenção com o usuário da Terceira Idade, que, ao contrário do que comentam alguns desses passageiros, impacientes e raivosos, que os agridem chamando-os de modo cínico e grosseiro de “jacarés” também pagam passagem. A gratuidade, que é direito conquistado é coberto financeiramente pela PJF. Não existe “cafezinho de graça”. As pessoas idosas (também) pagam seus impostos à municipalidade.
O sistema desse importante serviço público precisa ser prestado com excelência para as pessoas idosas e para pessoas com mobilidade reduzida e/ou com alguma limitação de marcha. Às empresas do setor, sugiro, embora reconheço que já acontece em algumas unidades, até por força da existência de leis municipais nessa direção, a execução de treinamentos e capacitações permanentes dos profissionais. Para que esses profissionais possam entender as limitações fisiológicas que a idade traz para todos nós. Entender, por exemplo, que a altura dos degraus dos ônibus, a distância entre eles e as calçadas ou ruas dificultam o rápido acesso da pessoa idosa no interior do ônibus, como deseja o motorista, que, “para variar”, está com a viagem atrasada, fora do horário estipulado.
Com essa crônica, eu não desejo defender privilégios para essa ou para aquela categoria social. Desejo que haja justiça e respeito às pessoas idosas no seu direito ao acesso à cidade, com o aperfeiçoamento do serviço público de transporte coletivo na relação com elas. E que todos nós tenhamos a consciência de que o nosso envelhecimento é uma realidade, não só pessoal como coletivamente; e que precisamos, o quanto antes, motivo dessas minhas linhas semanalmente com vocês, atentos leitores e leitoras, que me leem todas as sextas-feiras por aqui, ter um planejamento público que leve em consideração (pra valer mesmo) as necessidades, peculiaridades e interesses das pessoas idosas que vivem em nossa cidade. Não só nessa área em questão, mas em todos os campos da vida social.
Esse texto teve a motivação amiga do professor e renomado sociólogo e pesquisador Luiz Flávio Rainho, que me ensinou a pensar e a ter consciência crítica sobre o mundo. Muito obrigado, professor RAINHO.