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Depressão na pessoa idosa

Pitico Fernando Priamo
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Caros leitores e leitoras, eu poderia muito bem recorrer a uma consulta de profissionais médico (as) ou psiquiatras para descrever cientificamente o que é ter depressão no envelhecimento: quais são os sintomas que podem acometer pessoas idosas num quadro com essa doença. Sim, depressão é doença. E precisa ser tratada em qualquer idade. Não é frescura e nem é coisa de gente desocupada. Minha expectativa com a coluna de hoje é valorizar e reconhecer que é necessário buscar tratamento e ajuda de profissionais capacitados para encarar essa realidade que é a depressão, que pode acontecer com muitos de nós, inclusive com as gerações mais novas, como as crianças e adolescentes.

Apresento aqui uma observação. O que vocês acham do que vou escrever a seguir? As queixas ou as reclamações nas idades mais novas são mais ouvidas do que as que existem com as pessoas idosas ou com as pessoas mais velhas. Um rosto quente indicando uma possível febre ou a observação de uma indisposição qualquer que altere a rotina de nossos filhos já é um bom motivo para a gente buscar auxílio médico. E rápido. O mesmo movimento não nos mobiliza quando ocorre com as pessoas idosas da nossa casa ou com os nossos vizinhos. Naturalizamos a situação. “Isso é coisa de velho!” Fingimos que ouvimos, mas não saímos do lugar e não damos a importância devida aos sentimentos e emoções que estão pedindo socorro.

A sensação real de desvalorização pessoal com baixa estima pode estar presente nesse momento e levar ao processo de desenvolvimento de uma depressão. E se isso não for visto a tempo, pode provocar o fim da linha, o autoextermínio. Casos de suicídios não são levados com frequência ao grande público, mas é preocupante ver os números de vidas que são abreviadas em faixas etárias mais novas. Esses episódios existenciais acontecem também com as pessoas que estão vivendo em faixas de vidas mais maduras, revestindo-se de um capítulo muito especial e caro à geriatria e à gerontologia.

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Torna-se muito louvável e muito importante a existência de campanhas educativas sobre essa pauta, como a que estamos vivenciando nesse mês: o Setembro Amarelo, que tem por objetivo informar e esclarecer sobre a realidade do suicídio. Existe um comportamento forte de autoagressão nos nossos dias, e está muito mais perto de nós do que a gente possa imaginar: são os pensamentos negativos de ideação suicida, que, se não forem tratados a tempo, podem acelerar a tentativa ou até mesmo a sua efetivação.

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Com base na literatura especializada e, sobretudo, pela minha experiência profissional com algumas pessoas idosas, penso que, diante dessa realidade do suicídio, é fundamental a mudança do nosso comportamento quando uma pessoa idosa que faz parte das nossas relações sociais e/ou familiares reclama da vida considera que não está satisfeita com ela mesma. É necessário oferecer uma verdadeira escuta, ouvir essa pessoa. Buscar ajuda profissional.

Tem aumentado muito o número de pessoas idosas que têm o apoio de profissionais especializados da psicologia e da psiquiatria. Conquistar um envelhecimento saudável inclui, com certeza, cuidar da saúde mental, emocional e espiritual. A participação de mais profissionais de distintas áreas da saúde é fundamental na promoção desse envelhecimento que desejamos. Um envelhecimento sustentável e integral nas dimensões físicas, psicológicas, sociais, espirituais, econômicas e ambientais. Certamente que atuando nessa direção numa perspectiva de trabalho inter/multiprofissional vamos proporcionar mais saúde às pessoas idosas e consequentemente estaremos contribuindo para protegê-las da perda do sentido da vida, condição de um envelhecimento menor e deprimido.

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