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A saída é para dentro!

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Pode parecer estranho. Mas, não é. A saída que eu me refiro aqui não é a saída de uma porta qualquer de um ambiente para outro. Não é saída para fora, no uso de uma figura de linguagem, pleonasmo. É uma saída que significa entrada para dentro de si. Um mergulho. Não consigo perceber. Para mim, não tem outro jeito de viver, que não seja o de ter um compromisso com o que eu sinto na e pela vida. Compromisso que está com todo mundo. Não dá para viver ao léu, sem motivo. Acredito que o meu trabalho da vida inteira é o de busca de mim mesmo na direção do outro, visando colocar para fora, expressar, o que vai por dentro, no mundo íntimo. Não desejo parecer distante de você – jamais! – prezada leitora ou leitor, muito menos; fechado, na reflexão de mais uma coluna, que escrevo sobre aspectos do nosso envelhecimento. 

Essa questão sobre a necessidade do autoconhecimento é muito importante para o desenvolvimento de qualquer trabalho social. Ainda mais no convívio diário com uma grande fatia da população idosa de nossa cidade. Eu já fui criança, adolescente, jovem, adulto, agora, vivencio a fase da vida mais maduro, de uma pessoa idosa. Então para mim é importante e necessário sempre fazer a seguinte pergunta: estou caminhando de mãos dadas com a minha alma? Não quero que a minha colheita seja de frutos sem sabor, de não ter afeto e amor pelas pessoas, de memórias frias. É sim, a velha história de plantar para colher, como nos ensinam desde pequenos, aprendendo que tudo tem a sua estação. 

Não dá para me relacionar com os outros sem antes falar comigo, não me escutar. É isso que estou denominando de sair para dentro. Mas sem ficar submerso a vida inteira, no fundo de mim mesmo. Porque meu alimento e minha sede estão na superfície da existência, nas planícies humanas e nas esquinas e praças da minha cidade. O contato diário por mais de trinta anos com algumas pessoas idosas de JF me deu a dimensão da complexidade e grandeza do ser humano. Suas especificidades, escolhas e idiossincrasias. 

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Nesse diálogo do/a profissional com as pessoas idosas não cabe nenhuma receita nem modo de fazer que sirvam para todas as pessoas. Isso é para bolo caseiro. (Eu gosto muito do de cenoura com cobertura de chocolate).  A minha subjetividade está muito ligada aos meus ancestrais, pais, amigas, amigos, livros que eu leio, contatos que estabeleço. O que eu desejo compartilhar com vocês é que a minha salvação, como ser humano, e eu diria até que a salvação da humanidade está no encontro, no diálogo, na tolerância. Precisamos, mais do que nunca, nesse momento, e daí para frente, desobstruir o espaço público.  

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Não tenho dúvida em escrever que o respeito e a atenção às Pessoas Idosas representam um passo muito importante para a construção de uma nova civilização. E uma nova sociabilidade capaz de iniciar um ciclo de humanização em nosso meio, começando em nossa cidade. Uma cidade que se deseja para todas e para todos não pode parar no tempo, no tempo de não se envolver pra valer com a vida das mais de 100 mil pessoas idosas que envelhecem aqui. A propósito, a campanha eleitoral está nas ruas. A pergunta que não quer falar: quais são os seus projetos políticos, deputado/as, direcionados para a população idosa do nosso Estado e de nossa cidade?

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