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Voto grisalho e eleições municipais

Pitico Fernando Priamo
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O estado de saúde do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, 81 anos, traz muita repercussão na mídia mundial. Com essa idade, terá ele capacidade para continuar governando aquele país por mais um mandato, visto que recentemente, em debate com o seu concorrente, demonstrou deslizes de memória e lentidão de raciocínio na conclusão de seu pensamento? Noutras palavras, papo reto: será que não está na hora dele abandonar o barco? Sair da vida pública porque está muito velho?

Me parece ser esse o xis da questão. O que que eu penso sobre esse caso? Vou apresentar aqui, caros leitores e leitoras, minha opinião. Fiquem à vontade para apresentarem suas ponderações e argumentações que acharem importantes fazer. O envelhecimento, a passagem do tempo, traz em todos nós alterações fisiológicas na composição orgânica. O que me autoriza a afirmar que envelhecer não é necessariamente ficar doente, adoecer. Nossa capacidade funcional sofre alguns desnivelamentos ou desequilíbrios, que podem ser compensados em parte ou até mesmo incorrigíveis, mas também podem ser bastante sutis, de modo a não comprometerem a competência para a execução de tarefas da vida diária e atividades mais complexas. Como, por exemplo, ser presidente de um país, governador, prefeito ou vereador, para citar exercícios de cargos no campo político.

Penso que é importante trazer aqui nesse momento a opinião do Dr. Marco Túlio Cintra, médico geriatra, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), publicada no jornal Folha de São Paulo, em sua edição do dia 14 de julho de 2024: “A idade não é bom critério para determinar nada. Eu tenho pacientes com 60 anos acamados com demência avançada e tenho pacientes centenários independentes”. O que eu posso aprender dessa afirmação? Não dá para lacrar, carimbar uma receita e consentir que a idade impede a gente de viver, no caso em tela, de exercer um cargo político, por mais alto que ele seja. Na mesma reportagem, na sequência de sua resposta, Dr. Marco Tulio pondera: “É normal perder parte das reservas fisiológicas com o envelhecimento, mas isso não é incapacitante; ele continua o raciocínio, o que é preciso notar é se a pessoa sofre com um processo de envelhecimento frágil que diminui suas capacidades para além de um limiar que garanta sua independência.”

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Não desejo tapar o sol com a peneira, passar a ideia de que envelhecer não tem problemas e dificuldades. Toda idade tem, como também temos possibilidades e conquistas. Os limites existentes, na maioria das vezes, não são obstáculos permanentes para a desistência de seguirmos em frente com nossos projetos de vida.

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Estamos praticamente a 80 dias da realização das eleições municipais em todo o país. O quadro de candidato (as) consolida-se no período de 20 de julho a 5 de agosto com as convenções partidárias, onde oficialmente vamos “conhecer” o (as) postulantes aos cargos de prefeito (a) e vereador (a). E nesse processo cívico-político, sua participação, caro (a) leitor (a) é muito importante. Ainda mais se você estiver na faixa etária dos 60+, porque é fundamental seu comparecimento às urnas; escolher aquele (a) candidato (a) que vai te representar; que vai ao encontro de suas necessidades e interesses. Você, assim como eu, faz parte de um grupo populacional que precisa e merece ter respeito e atenção da classe política brasileira. Penso que está passando da hora de as autoridades que cuidam do processo eleitoral alterarem a prerrogativa do voto facultativo às pessoas que têm mais de 70 anos. Essa medida envelheceu. Não faz sentido e reforça a invisibilidade do voto grisalho.

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