Não estou certo, se a autoria da seguinte frase é mesmo do cineasta catarinense Rogério Sganzerla “a música e o fogo nos aproximam de Deus!”. Na dúvida sobre a sua titularidade, afirmo que acho essa citação lindíssima. E pesquisando sobre ele, até para diluir essa indefinição, se de fato, é do Rogério, resolvi ler um pouco mais sobre seu trabalho. Mesmo sem acompanhar sua filmografia: o que já tinha lido (muito pouco) sobre ele, já o achava interessante.
Como forma de uma tímida homenagem. Entrego a vocês, em rápidas linhas, um pouco, pouquíssimo, de sua vasta produção. Rogério Sganzerla, foi um cineasta, expoente do cinema marginal nos anos 60 e 70, através de subversões narrativas e colagens apresentava a realidade nacional de um país do terceiro mundo, com suas mazelas sociais e desigualdades econômicas. Talvez o filme “O Bandido da Luz Vermelha”, de 1968, seja o que lhe conferiu maior visibilidade no país. Embora tenha produzido outros filmes.
Começo essa Coluna trazendo esse cineasta porque quando li em algum lugar a citação colocada acima, fiquei impactado pela sua beleza. E como hoje desejo escrever e compartilhar com vocês, caros leitores e leitoras, um pouco sobre a importância da música no nosso envelhecimento, me veio à ideia, essa passagem de leitura que fiz há algum tempo atrás. E é recorrente, eu ler e estudar, que de acordo, com alguns cientistas, pesquisadores sérios, do campo geriátrico e gerontológico, a música é um “santo remédio” para os males de nossa alma, curando as doenças do nosso corpo e do nosso organismo.
Há uma farta e disponível literatura científica sobre a comprovação de que a prática da audição e/ou execução musical exerce uma influência positiva para melhor, no comportamento e, sobretudo, na saúde das pessoas, de todos nós. A música cura. Uma outra passagem que me chega nesse momento com essa escrita. É sobre memória e futebol. Fiquei sabendo há pouco tempo, que alguns clubes europeus, como Real Madri e Barcelona, entre outros, faz parte da gestão do futebol deles (diferente da gestão de alguns clubes brasileiros) facilitar e manter o contato com ex-jogadores, hoje idosos, alguns com comprometimentos neurológicos, participam de sessões de filmes em que atuaram quando mais novos, animados por várias músicas do estilo deles, deixando passar e viver a emoção e o amor durante esses momentos.
O exercício da memória, o seu estímulo constante, é um atributo fundamental da música, principalmente no tratamento terapêutico ou não com pessoas idosas com algum tipo de diagnóstico de incapacidade cognitiva inicial ou numa fase mais adiantada. Como, por exemplo, alguma demência do tipo de Doença de Alzheimer, só para exemplificar. E já que falei de cinema, logo no início dessa Coluna. Um outro filme que trata da temática da música na nossa vida, a sua grande importância, já está em cartaz em alguns cinemas físicos ou em canais específicos, o “Saudosa Maloca”, filme dirigido por Pedro Serrano com atuação impecável do Titãs (ou ex) Paulo Miklos, no papel de Adoniran Barbosa.
Como forma também de prestar uma outra singela homenagem a uma outra pessoa/entidade, com essas linhas, além do cineasta Rogério Sganzerla e Adoniram Barbosa. Vou dedicar essa parte final da Coluna de hoje, dentro da pauta, “música e envelhecimento”, ao grande maestro brasileiro e pianista João Carlos Martins. 75 anos de carreira artística vitoriosa e cheia de enormes desafios, 83 anos de vida, inclusive, penso que se fosse com uma outra pessoa o que aconteceu com ele, não teríamos esse talento vivo e contínuo do amor pela música, em função de alguns eventos de saúde que poderiam comprometer a continuidade de sua vida musical.
Sobre a realidade do nosso envelhecimento, o maestro João Carlos nos deixa o seguinte recado: a vida é plena e deve ser bem vivida em todas as suas fases – que bom ser jovem, que bom ser adulto e que bom ser velho. É isso. Viva a música!