Ícone do site Tribuna de Minas

Uma festa para todos!

coluna pitico face
PUBLICIDADE

Quando jovem, eu participava ativamente do carnaval. Estava sempre rodeado dos colegas de rua, no bairro onde passei minha juventude. Bairro Fábrica. Na Rua General Gomes Carneiro, n° 39. Rua do 10º Batalhão de Infantaria. Com o passar dos anos, se a gente permitir e não correr atrás, o que vamos encontra lá na frente, é a ausência de pessoas para o compartilhamento da nossa vida. É o bloco do eu sozinho. Sem participar de algum grupo, a vida fica sem graça e os dias permanecem pesados. Para depois do carnaval ou durante o mesmo, passe a procurar por um grupo que você, prezado leitor, tenha vontade de pertencer. Ou crie um grupo para você. Faça parte de algum. Estipule uma rotina para as suas horas vazias, se estiver nessa condição. Perca bastante tempo, no bom sentido, com todas as coisas que te dão prazer e brilho nos olhos. Tem muito desejo de vida preso dentro da gente. Literalmente, é preciso colocar o bloco na rua. A alegria, espontaneidade, as fantasias, amizade, o encontro, o samba, as marchinhas, tudo isso alarga a nossa alma e faz muito bem. Nada de briga e violência. Pra quê? Através dos blocos e agremiações, o carnaval tem essa função: juntar pessoas que se gostam e que se amam. Desestressar. Viver outra realidade. Brincar faz parte da vida.

É importante e necessário para o nosso bom envelhecimento, tocar algum instrumento. Afinado de dentro pra fora, de fora pra dentro. Na presença e na companhia das pessoas é que nos libertamos e crescemos como pessoas. Para o envelhecimento, é fundamental a presença de pessoas queridas em nós. É na troca humana que a vida é construída. O carnaval com a presença de muitas pessoas nas ruas esquenta a nossa alma. Faz muito bem para a saúde ver gente: que dança, que brinca, que sorri quando deve chorar, que sonha em ser outra pessoa, que deseja outra vida. Melhor mesmo é cair na folia. De certo, percebo, que o carnaval traz a alegria de um povo triste, mal tratado, abandonado e oprimido.

Não me considero um folião de mão cheia e nem tenho samba no pé. Gosto de gente. De samba, da Banda Daki e do Parangolé. E prestigio sempre, todos anos, só o ano passado que não, porque o Bloco Recordar é Viver da Amac não saiu às ruas. Saiu ontem. Esse bloco é muito diferente. São pessoas idosas que não perderam a esperança e nem a alegria na vida. Donas de muita coragem e fé na vida. Próprias de Maria-Maria. E são muitas. E são belas! Nos dias da folia, prefiro estar com os familiares e amigos numa roda de conversa, falando da vida e coisa e tal.

PUBLICIDADE

Percebo também que a cada ano mais blocos são criados na cidade. Não só aqui como em outros lugares. O que é bom: ter a manifestação das pessoas, as suas expressões e necessidades de se ajuntarem fazendo frente ao ambiente de indiferença crescente ao outro, principalmente, se esse outro for diferente de nós. Pela idade, pela cor, pelo sexo, pela religião, pela ideologia, pela classe social. Os blocos acabam que se tornam resistência política e denúncia ao estado de abandono das necessidades sociais e econômicas da maioria da população brasileira. A realidade é uma só. Com lado A e o lado B. No carnaval, acontece uma pequena pausa para o descanso do guerreiro que logo em seguida assume o comando do cotidiano na luta por dias melhores. Pausas são necessárias para o enfrentamento de nossos desafios diários e projetos futuros de vida. Desde que nossas metas não sejam arquivadas nas gavetas da nossa vontade e da nossa mente. Carnaval tem todo ano. Nossos dias são oportunidades para o progresso de nossa condição humana.

PUBLICIDADE
Sair da versão mobile