Ícone do site Tribuna de Minas

O que é envelhecimento ativo?

coluna pitico foto
PUBLICIDADE

Nossa educação social e pública reforça preconceitos, mitos e tabus sobre o processo de envelhecimento humano. Considerando esse período da existência como sendo uma fase somente de perdas e mortes, as mais variadas possíveis, desde despedidas de pessoas queridas, de sonhos, possibilidades e conquistas futuras. Mesmo com a realidade contemporânea do aumento da longevidade, ainda é muito pouco ou quase são inexistentes os estímulos sociais, familiares e comunitários para o crescimento pessoal na velhice. Não temos uma proteção social robusta e firme para envelhecermos com segurança e qualidade de vida. Esse quadro de Alzheimer social e político em que estamos tem que mudar.

Com a conquista de mais tempo de vida, precisamos fazer com que esse ganho considerável de mais anos à vida seja revertido em favor de um envelhecimento com cidadania, respeito e consideração social. Uma nova cultura sobre envelhecer vem sendo incrementada em nossas relações sociais e vai se fortalecendo em nossos dias, de enxergar novas curvas e novos roteiros nessa viagem. Precisamos caminhar para uma outra gestão sobre envelhecimento, deixar definitivamente para trás esses conteúdos carregados de negatividades, impossibilidades, medos e frustrações para um envelhecimento ativo.

A pergunta que dá nome ao título dessa coluna me motiva a fazer alguns comentários, prezada leitora e leitor, e fiquem à vontade para a manifestação de vocês sobre essa questão. A ideia que nós temos e que ainda prevalece em nosso meio social é a de que nosso envelhecimento não apresenta nada de ativo, somos considerados mortos-vivos. Porque, na maioria dos casos, não somos vistos, muito menos reconhecidos. Condição essa que nos causa indignação, vontade de mudar o rumo dessa história ideologicamente construída para não dar lugar social aos mais velhos, caminho de todos nós. E se temos mais vida pela frente é sinal de que podemos fazer um novo futuro no desejo de termos uma cidade para todas as idades.

PUBLICIDADE

Envelhecimento ativo é aquele que exige do discurso público políticas públicas ativas para os seus cidadãos idosos e cidadãs idosas. Ativas na parte física, econômica, social, emocional, espiritual. Portanto, em todas as áreas de desenvolvimento humano. O envelhecimento ativo é um novo modo de envelhecer, que sai da esfera privada e particular da família para ganhar a atenção pública da cidade e o comprometimento público da representação política. O envelhecimento ativo tem também suas repercussões no campo individual de todos nós, enquanto tomada de consciência para a mudança de nossos hábitos de vida. Mas enquanto coletividade, cabe ao Estado a promoção e garantia de um envelhecimento ativo para todos nós. Tanto é assim que as principais agências internacionais e nacionais de geriatria e gerontologia vêm definindo diretrizes de trabalho social para os países e cidades na efetivação de programas sociais para as pessoas idosas buscando alcançar esse novo modo de envelhecer.

PUBLICIDADE

Também há que se ressaltar e fazer esse registro aqui de que as próprias pessoas idosas, parte delas, estão fazendo um outro tipo de envelhecimento. Principalmente as mulheres. Estão deixando de lado, aposentando o tricô e o crochê e estão buscando e fazendo um outro lugar para envelhecer na cidade. Mais ativas, sim. Muito mais. Podem observar que o envelhecimento por gênero também traz diferenças no comportamento nessa fase da vida. As mulheres (algumas) saem mais à frente. Os homens (alguns) relutam em sair da cadeira. Talvez eu possa arriscar em dizer, sem ter certeza de nada, de que o envelhecimento ativo dessas mulheres seja mais para fora, e o desses companheiros seja mais para dentro. Não sei. Só sei que podemos fazer diferente, envelhecer de outra forma da que está colocada para nós.

Sair da versão mobile