Espero que vocês leitores estejam totalmente convencidos (de tanto que eu escrevo isso por aqui) sobre a realidade do nosso envelhecimento populacional, inclusive, o da nossa cidade – extraoficialmente com mais de 100 mil pessoas com 60 anos ou mais; que traz uma nova configuração na cidade. Impactos diversos na rotina de quem conhece o “Calçadão” da Rua Halfeld. Essa é a nova realidade mundial, nacional e local: a presença ativa, cada vez mais, das pessoas idosas no nosso dia a dia, que estão conectadas e querem qualidade de vida, diversão e tecnologia na medida certa.
Diante do número cada vez maior de pessoas idosas no contexto urbano, novos serviços e produtos devem ser oferecidos a elas, que estão mudando o jeito de envelhecer, de viver e de consumir. Aquela imagem estereotipada do idoso, visto de pijamas, recluso ao lar e lendo o jornal de ontem ficou no passado, não corresponde à realidade atual. Uma nova velhice é vivenciada pelas pessoas no tempo presente. Elas estão muito interessadas em continuar vivendo sua velhice com autonomia e independência, de olho na satisfação de suas necessidades em todas as áreas da vida – entre, tantas outras, na saúde, no lazer, turismo ou educação.
Será que o mercado, o mercado prateado, deveria vender, empregar ou respeitar quem tem mais de 60 anos, e está se orientando para enxergar as demandas desse público, que mais cresce no Brasil? O que pode ser visto em Juiz de Fora? Não basta apenas oferecer produtos para as pessoas idosas. Ou simplesmente dar oportunidade de emprego para elas. É preciso em ambos os casos, ouvir e compreender os seus desejos, criar soluções que respeitem suas experiências e preferências funcionais e de personalidade. Adequar sua competência de trabalho ao tipo de serviço que lhes é oferecido.
Talvez, uma abordagem aos clientes, de boas-vindas ao estabelecimento comercial, cause uma melhor impressão e fidelidade ao supermercado, por exemplo; do que a pessoa idosa ficar exaustivamente, por muitas horas, no guichê do caixa. É preciso ter uma percepção diferenciada ao trabalhador sênior por parte do empregador.
Veja o filme “Um senhor estagiário” (2015), com o octagenário ator, cada vez melhor, Robert De Niro, que ficará mais claro, isso que estou escrevendo. Considerando as devidas proporções e diferenças entre o filme do excelente ator e o filme que a minha mãe viveu; ela, também, deu conta um pouco dessa realidade, de enfrentar o etarismo no meio produtivo de trabalho composto por gerações mais jovens. Motivada a trabalhar pelo complemento de sua aposentadoria, isso teve um fator relevante na sua decisão, mas, o principal ganho para ela e que ela fazia questão de dividir com a gente, seus filhos, era a consideração e o respeito que tinha de seus diretores, e o companheirismo e a amizade firmada com os seus colegas de bancada de ofício, trabalho em confecção de meias.
A socialização e sensação (a vivência) de se sentir útil valeram muito mais do que um pouco de dinheiro na poupança. Com o aumento do tempo real de nossa vida, a conquista da longevidade humana, faz-se necessário repensar as nossas relações sociais e de trabalho. O Mercado precisa acompanhar essa nova tendência, impulsionada pelo nosso envelhecimento, de buscar e apoiar a reinserção dos 50+, 60+, 70+ a um novo começo de trabalho e/ou potencial de consumo. Não faz sentido deixar de fora, da economia, o grupo que mais cresce, mais vive e, muitas vezes, tem mais dinheiro no bolso.