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Do que é feita uma vida boa?

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Os conteúdos que são tratados aqui resultam da minha aprendizagem – contínua e permanente – de vida, que o trabalho social com algumas pessoas idosas me proporcionam no dia-a-dia, e, semanalmente, busco o compartilhamento com vocês, que me honram muito com a leitura. Não tenho nenhuma pretensão de oferecer receitas e dicas infalíveis sobre como envelhecer bem e ter maior prazer na velhice. Reconheço sim, que é muito possível envelhecer com autonomia e independência, nosso preparo tem que existir para isso acontecer. O que eu desejo é, a partir das vivências pessoais, apresentar algumas reflexões sobre o nosso processo de envelhecimento. Eu tenho a percepção de que nós precisamos falar cada vez mais sobre essa realidade, o futuro de todos nós, o envelhecimento. E através desse importante espaço de todo domingo, eu apresento alguns pontos sobre um tema que ainda é muito escondido e de muito pouca visibilidade pública em nosso país e em nossas cidades. Em JF, também. A minha proposta aqui é convidar vocês, leitoras e leitores, para uma boa e necessária reflexão sobre a passagem do tempo em nós. Meu papel, ao lado de outros profissionais da Geriatria e da Gerontologia, é apresentar o assunto para toda a cidade, o que o jornal Tribuna de Minas contribui bastante. Mas ainda vejo poucas pautas acerca do envelhecimento. Seria a velhice um anti-tema da mídia? Estou feliz com o resultado alcançado com a existência dessa Coluna, o retorno tem sido bom e é muito importante para mim: algumas pessoas comentam sobre ela, repassam para suas redes sociais. Percebo que cumpro minha função social.

Fiz essa apresentação sobre minhas expectativas com a Coluna, para tentar responder à questão de hoje colocada no título. E de outras que coloco para a nossa conversa. Para mim, uma vida boa tem que estar intimamente ligada aos desejos, sonhos e interesses reclamados pela alma. Onde verdadeiramente eu estou e onde eu moro. Não tenho receitas para oferecer. Pela fome e pela sede, busco o alimento para me manter de pé. Tenho o desejo vivo de compartilhar, de aprender e de ter uma construção de vida sempre coletiva. Preciso de afeto e de amor. Uma vida boa então tem que estar ligada ao bem-estar das pessoas, da família e das amizades. Penso que temos que ter no nosso comportamento a noção de que dependemos muito uns dos outros, de que a vida só tem sentido, se todas as pessoas tiverem o que comer, o que beber, o que vestir, onde morar, sonhos a realizar e que tenham futuro. Como eu sei que estamos longe dessa realidade. Num país muito injusto e desigual, como o nosso, avalio que o compromisso com a vida deve ser uma bandeira de todos nós. Ou de quem, como eu, que acredita que a vida é o nosso bem maior e portanto, temos que lutar muito por ela. Deixar uma vida melhor de que quando chegamos.

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