O envelhecimento é um tema periférico que ainda não entrou na centralidade da vida pública e social do nosso país e das nossas cidades, como aqui em Juiz de Fora, apesar de existir um grande número de pessoas idosas que vivem na cidade. Mais de 100 mil pessoas. Historicamente a velhice sempre despertou reações diversas e contraditórias nas culturas humanas. Desde que o mundo é mundo. Não é um tema saboroso, de fácil digestão política e pública. Até porque achamos que velho é sempre o outro! Não olhamos para nós mesmos na passagem do tempo. E a sociedade rejeita essa realidade.
Se a gente for estudar e consultar os registros antropológicos ligados a esse assunto, vamos observar a predominância de uma heterogeneidade social no que tange ao reconhecimento e ao respeito dispensados às pessoas idosas ao longo da história. Dos tempos bíblicos, de antes de Cristo até hoje, não existe um tratamento uniforme de valorização do universo geriátrico e gerontológico de todos nós que envelhecemos. Por que, de um modo geral, caros leitores e leitoras, temos medo da velhice?
Das várias maneiras que construímos o nosso envelhecimento, temos as alterações fisiológicas que acontecem e vão acontecer, porque elas fazem parte da nossa constituição humana e, necessariamente, não trazem e não correspondem forçosamente à presença de doenças incapacitantes. O envelhecimento é inexorável, e é claro que podemos interferir nele, mudar nossos hábitos e o estado mental para chegarmos bem mais lá na frente. Afinal de contas, entendo que o desejo de todos nós ou de, pelo menos, de muita gente, é viver muito e viver bem! Desejo que tem que contar com a promoção de políticas públicas para a população idosa brasileira nas respectivas cidades. Inclusive na nossa.
O envelhecimento fisiológico está colocado, faz parte da existência humana. Agora, o envelhecimento social, de não ter com quem conversar e/ou não ter com quem compartilhar a vida, dividir o dia a dia com as riquezas miúdas do cotidiano, desse estado de vida nós precisamos correr atrás, batalhar para não morrermos antes da hora. Como é morrer antes da hora? É não ter a companhia de um amigo ou de uma amiga no almoço de domingo. É não receber um WhatsApp perguntando como você está. É não querer saber como foi o seu fim de semana. É não perguntar se você fez algum gol na pelada do Arkadias Sênior, de todos os sábados. Temos vários modos de demonstrar o nosso afeto por algumas pessoas, por aquelas que estão próximas de nós, que vivem com a gente. Porque são essas pessoas que alimentam a nossa alma de vida, que não permitem que a gente morra antes da hora.
Nessa direção, temos estudos recentes e validados cientificamente que apontam que, muito mais que se considerar a genética como o único ou o principal fator preponderante para uma vida longeva, um outro aspecto reveste-se de muita importância nesse campo: a qualidade e a frequência de nossos contatos e encontros sociais exercem forte influência no aumento de nossa expectativa de vida. Portanto, como cantaria o rei Roberto Carlos, “eu quero ter um milhão de amigos, e bem mais forte poder cantar”.