A velhice sempre fez parte da existência humana e sempre fará. Por maiores que sejam as transformações tecnológicas que o mundo já passa
e vai continuar passando, mesmo com todas as formas de inteligência artificial que esteja ao alcance dos mais notáveis pesquisadores com os
mais notáveis laboratórios de pesquisas, pode ser que em algum cenário de ficção científica a espécie humana desapareça. Mas certamente não estarei mais aqui para contar essa história. Deixemos de especulações e cuidemos da vida: envelhecer faz parte da nossa realidade. Por mais que essa situação traga desconforto para muitas pessoas e não seja fácil aceitar a passagem do tempo em nós. Temos estudos e mais estudos que demonstram o quanto esse tema, universal, é polêmico, controverso e causa ranhuras em muitas culturas.
Mesmo retratado pela filosofia, literatura e artes, em geral, sempre vem associado às imagens negativas e menores da condição humana. Se
comparado às estações do ano, é sobre o outono, quando não, muito, é sobre o inverno, que recai o simbolismo para dizer do nosso envelhecimento. Folhas mortas de um galho seco e sem vida. Por que essa comparação? Porque historicamente é muito forte o preconceito que temos sobre essa fase tão importante, quanto as outras, da nossa vida. Precisamos produzir boas relações socias, afetivas e amorosas com as pessoas, com os familiares, com os amigos e amigas; precisamos buscar o autoconhecimento ao longo da nossa jornada humana; ter o sentido da vida em nossas mãos; aprender no dia-a-dia a ser uma pessoa melhor. Essas características a vivência da velhice nos dá, nós conquistamos.
Estamos longe, como país e como cidade, no respeito e valorização às pessoas idosas. Nosso trabalho deve ser e tem que ser permanente na defesa, proteção e garantia dos direitos sociais das pessoas idosas, (de um modo geral), em nossa convivência comunitária. No tempo presente, temos que lutar muito na defesa da vida das pessoas que já passaram dos 60 anos e mais, quando somos considerados idosos e idosas pela legislação brasileira. Em todo tempo, em todo lugar, a vida humana é mais importante do que qualquer negociação financeira. Nosso capital tem que ser para sempre a vida, independente da idade das pessoas.
O envelhecimento é o futuro de todos nós. É o que se deseja e o que se espera, em condições normais de temperatura e pressão. Mas, pelo
“andar da carruagem”, cabe perguntar também: qual é ou qual será o futuro do envelhecimento? Despojado de qualquer pretensão vaidosa ou exercício de adivinhação, mas atento ao que percebo e ao que vivo nesses dias teimosos de esperanças preguiçosas, penso que nossa história está em nossas mãos e aqui não vai nenhum clichê. Nosso futuro já está em construção. Acredito que é preciso mobilização social, é preciso ativismo social, público e comunitário. Cada vez mais. Mais do que resiliência, é preciso resistência. Mesmo o ativismo de sofá. Que bandeiras você defende? Por que ou por quem vale a pena lutar? Temos que ter uma bandeira ou mais de uma, se possível, na sociedade para defendermos, para acolhermos os ventos da mudança, para recebermos um novo futuro, uma nova sociedade e uma nova velhice. Um novo homem. Uma nova mulher. A saída é coletiva, eu não tenho dúvida nenhuma, na sequência do nosso amanhã. E a participação social das pessoas idosas – respeitando suas vontades e disposições – é muito importante na conquista de uma cidade melhor de se viver.
Somos nós, homens e mulheres, crianças, jovens, adultos e idosos que temos a consciência e a vontade de criarmos uma nova vida e um novo futuro para os nossos dias.