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O idoso que mora sozinho!

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A pandemia matou o tempo. Paralisou o futuro. E com ela tivemos, infelizmente, muitos impactos pesados e negativos na esfera mundial, nacional e local. Nas nossas relações comunitárias, familiares e pessoais. A Covid marcou o mundo, a nossa vida. Em relação à rotina das pessoas idosas, sobretudo aquelas que estão colocadas no processo de exclusão social, ela foi impiedosa. Se antes da pandemia, esses idosos, que aqui estão jogados no andar debaixo, se encontravam esquecidos e abandonados pelo convívio social e familiar, mesmo tendo, na maioria das vezes, o mesmo sangue; a situação econômica, afetiva, amorosa e espiritual piorou ainda mais. Vidas e mais vidas foram desprezadas. E foram desconsideradas porque não fazem falta e dão prejuízos à economia pública. Nesse período “pós-pandemia”, considero que ainda não terminou, como retomar a vida com a idade de mais de 60, 70 anos, em condições já bem fragilizadas mesmo antes da pandemia? Se o seu Zé não tem mais a carrocinha de doce para vender? Se a dona Maria não tem freguês para comprar seus salgadinhos, coxinhas e cigarretes? Quem poderá salvá-los? O Chapolin Colorado, o Chaves? Está muito difícil. Estratégias e mais estratégias de sobrevivência devem ser apresentadas. Políticas públicas que invistam na recuperação econômica da população, de um modo geral, devem ser oferecidas; e também que oportunizem às pessoas idosas, aquelas que precisam e não são poucas, uma retomada ao mercado de trabalho.

No campo das relações humanas, do afeto e do amor na troca com as pessoas idosas, as mais pobres e que lutam para colocar o pão na mesa todos os dias, o prejuízo à saúde foi muito duro e fatal. As pessoas idosas que moram sozinhas, por diversas razões, e que são muitas, perderam-se pela ausência de contatos com as pessoas, qualquer pessoa que seja, ou até mesmo um bicho de estimação, um cachorro ou um gato para ouvirem a sua voz. O que não aconteceu com um senhor, residente no centro da cidade, que me relatou, que passou muito mal de saúde, de madrugada, com chuva intermitente; esse som da natureza impediu que o vizinho do apartamento debaixo oferecesse socorro, porque o som da batida da bengala – no chão de sua sala – como se fosse um sinal de alerta – ficou abafado e em segundo plano, fazendo com que ele só teve o amparo na manhã do dia seguinte. Apresento esse caso real, que nos alerta para a necessidade urgente de a cidade criar mecanismos práticos e políticas de ação de cuidados permanentes às pessoas idosas, principalmente as mais frágeis, socialmente. As que não tem nenhuma rede de proteção social e de apoio. Nem família, nem vizinhos, nem ninguém. Não podem contar com elas mesmas porque não conseguem ficar de pé (literalmente).

Encerrada a Semana Municipal da Pessoa Idosa, e com sucesso, diga-se de passagem; está na hora de a cidade implementar uma Política de Cuidados Permanentes às Pessoas Idosas com independência e autonomia comprometidas. O universo do envelhecimento é muito difuso e apresenta várias suscetibilidades e especificidades. Envelhecemos de modo muito singular. Quem sabe se não teremos nas eleições de outubro, algum/a candidato/a que leve para as suas agendas de trabalho, se eleito/a, a preocupação com medidas públicas que possam efetivamente melhorar as condições de vida de parte dessa população? Vamos conferir.

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Em tempo. A/os colegas e amiga/os Assistentes Sociais, meus parabéns, pelo nosso dia! Vamos em frente.

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