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Caiu no Enem!

Pitico Fernando Priamo
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O primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) aconteceu no domingo passado, contendo questões objetivas sobre linguagens e ciências humanas mais a redação, com o tema “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”. Um título comprido que levou os participantes a pensarem sobre a importância do trabalho feminino nas atividades de cuidados. E, infelizmente, sua desvalorização econômica e o pouco reconhecimento social, nos seus mais variados aspectos e situações.

A sobrecarga de trabalho que recai sobre as mulheres ainda é muito pesada e injusta. São os serviços profissionais fora de casa nos ambientes de trabalhos somados aos serviços de casa; uma rotina sem fim, que nunca acaba; todo dia ela faz tudo sempre igual: cuidado de filhos e dos demais integrantes da família, incluindo a atenção às pessoas idosas de casa.

Com esse tema que caiu no Enem, a pauta do envelhecimento ganhou um pouco mais de visibilidade pública, e é preciso que ganhe e tenha cada vez mais expressão a existência dessa nova realidade. Até motivada, eu acredito, pelos números demográficos, recentemente apresentados pelo Censo 2022, há pouco dias, dando conta do aumento expressivo e muito rápido da população idosa no Brasil e em nossas cidades, como aqui em Juiz de Fora.

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O leitor/leitora mais atento/a deve estar se perguntando: o que isso tem a ver com o trabalho de cuidado das mulheres? Tem tudo a ver. Primeiro, porque cuidar das pessoas idosas é uma tarefa predominantemente desenvolvida pelas mulheres. Não é tão comum assim, um filho ou um neto ou um marido cuidar de uma senhora idosa. Hoje percebe-se uma dimensão nova na forma de cuidar: mulheres idosas cuidando de outra idosa, quando, na verdade, as duas precisam ser cuidadas.

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E uma outra questão que deve ser levada em consideração é que o mundo da velhice é o mundo feminino, porque as mulheres vivem mais do que nós. Então, se vamos trabalhar com a população idosa, torna-se imprescindível conhecer o universo feminino. Essa afirmação pode ser medida aqui, em Porciúncula ou na China.

A longevidade é pule de dez do gênero feminino. Mas as mulheres também envelhecem, claro que envelhecem, e por sua vez e por direito é preciso responder: quem vai cuidar delas? Quem vai cuidar de quem cuidou dos outros a vida inteira? Por isso o trabalho de cuidado realizado pelas mulheres tem que ser reconhecido e bem mais valorizado. Dentro e fora de casa. Salários iguais aos dos homens. Divisão de tarefas domésticas e também compartilhamento na educação dos filhos e em outras responsabilidades e demandas familiares.

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Essa pauta que caiu no Enem deve entrar também na gestão pública para que as mulheres efetivamente exerçam a sua capacidade inequívoca de liderança na ocupação de espaços de poder. E para que a justiça seja feita.

Leia outros textos da coluna ‘A pessoa idosa e a cidade’ aqui.

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