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Transversal do tempo

coluna pitico face
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O título dessa coluna me remete a duas realidades pessoais. Uma delas é o nome de um disco – álbum ao vivo da Elis Regina – lançado em 1978. Eu tinha 17 anos. Encontrava-me na condição de estudante pré-universitário e que, em breve, entraria para um novo mundo de descobertas. Entrei para a UFJF em 1979. No curso de Serviço Social, na efervescência de eventos culturais, com uma acalorada produção do movimento estudantil para a transformação da sociedade. De liberdade para uma anistia ampla, geral e irrestrita ao irmão do Henfil e de tanta gente que partiu num rabo de foguete. Trecho da canção “O bêbado e a equilibrista”, imortalizada na voz de uma das melhores cantoras populares do Brasil. Nascida em 17 de março de 1945, em Porto Alegre (RS). Elis Regina Carvalho Costa. Que nos deixou em 19 de janeiro de 1982.

Nessa transversal do tempo, todos nós envelhecemos. Seguindo o fluxo, o curso natural da vida. Hoje eu conto com mais de 30 anos de experiência profissional como assistente social na área pública municipal. Fiz da profissão uma entrega de amor à cidade. Dei e continuarei dando minha contribuição diária na construção de uma sociedade que respeite as pessoas idosas. Que não ache normal que elas morram atropeladas e nem agredidas em assaltos residenciais. Que nossa cidade não deixe ninguém de fora na sua permanente construção de dias melhores. Que nessa eleição a pauta das pessoas idosas faça parte do programa de governo dos (as) candidatos (as). Que a nova Câmara Municipal estimule e reforce as deliberações coletivamente elencadas pela Comissão Permanente de Defesa dos Direitos das Pessoas Idosas.

Nossas universidades e faculdades devem investir pesado na qualificação de seu público para o trabalho com as pessoas idosas. Os empregadores precisam dar oportunidade de trabalho aos mais experientes. O país está envelhecendo rapidamente. Nossa cidade já é de muitas pessoas idosas. Novas oportunidades de colocação profissional no mercado devem ser criadas para o segmento dos 50 e mais.

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A outra realidade pessoal que o título da coluna “Transversal do Tempo” me remete é a feliz surpresa que tive ao ligar a TV, na semana passada, quando teve início uma série sobre a vivência do tempo por pessoas ilustres e anônimas na condição de pessoas idosas. Gosto muito de acompanhar a programação da TV Cultura. Em circuito pago para acesso. Essa série vai mostrar a realidade subjetiva e social de pessoas idosas que relatam suas dificuldades e possibilidades nessa fase da vida. Recomendo, como dica, assistir essa série. São depoimentos verdadeiros e altamente inspiradores.
Como é importante para a gente envelhecer bem a busca constante pelo conhecimento. O quanto é importante para a nossa vida e principalmente para o nosso envelhecimento a participação em eventos culturais. Lotar as atrações do Cine Teatro Central. Do Teatro Paschoal Carlos Magno. Do Pró-Música. Do Forum da Cultura. E de outras casas que oferecem arte e cultura para a população. Ter a presença constante e diária da leitura. Ler e registrar num caderninho tudo aquilo que a gente faz. O velho hábito e tão sumido de ter um diário. Nesse caderninho, é bom, penso eu, a gente fazer o registro de como foi o nosso dia. Porque se a gente não criar história da gente mesmo, quem vai criar? Aprendi essa dica vendo o programa da TV Cultura.

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Tanto o álbum da Elis Regina quanto a série da TV me permitiram viajar no tempo. Retroceder. E seguir em frente. A caminhada não para. Vou embora na esperança ardente de que “o novo sempre vem”. Inclusive para as pessoas mais idosas. Novidades do espírito, do querer bem, do tentar novamente. De não parar. De começar agora. Vida é movimento.

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