Essa pergunta que empresta o título à coluna, não é de minha autoria. O que é meu aqui é (e continua sendo) o desejo de compartilhar com vocês, leitoras e leitores, algumas impressões, reflexões e observações sobre o nosso envelhecimento em nossa cidade. Antes de entrar no tema motivado pela pergunta colocada acima. Quero dizer que mudou a nomenclatura oficial dos principais documentos que regem a vida dos idosos no Brasil. Pode parecer ter pouca importância, mas essa mudança traz implicações de várias ordens para todos os municípios brasileiros e, notadamente, claro, para a população idosa do nosso país.
Não se fala mais no termo Estatuto do Idoso, que no ano que vem, em outubro, completa 20 anos de sua entrada no cenário nacional. Agora temos o Estatuto da Pessoa Idosa. Faz diferença? Faz sim. Porque quando a gente se refere à Pessoa Idosa fica mais evidente a individualidade e a subjetividade da pessoa. Idoso? Idosa? Esconde a pessoa. Reforça a invisibilidade, é o que me parece. Então, a partir da leitura desta coluna, não se fala mais em idoso, combinados? Trataremos os mais velhos como Pessoas Idosas. Quem dera, se com essa nova denominação, outros valores e tratamentos públicos viessem também. Não se muda uma cultura de uma comunidade com uma assinatura.
Sobre a pergunta do título da Coluna. Eu tenho a percepção de que a cidade, ou seja, se a sociedade civil não reagir – todos nós – ela será cada vez mais um lugar de entrega de mercadorias e de produtos para vendas e mais vendas para os detentores do mercado, que favorecem o crescimento de bolhas humanas que se separam e perdem qualquer possibilidade de convívio social mais amplo, diverso e plural. Para que ter praças públicas? O “Marianinho”, referência para o encontro dos moradores do Bairro Mariano Procópio, vai fechar suas portas. Outros já estão vendidos. São menos lugares para o nosso lazer e atividades recreativas. Lugar para jogar conversa fora, esquecer do relógio, ter um excelente fim de semana ou desfrutar de um bom feriado. Não bastasse a pandemia, estamos sem ter para onde ir. Principalmente a maioria da nossa população. Quando eu era moleque jogava bola na rua. Hoje, se o menino ou a menina deseja praticar um esporte, em grande parte das ofertas existentes, o serviço é pago. Exceção feita para as atividades esportivas e de lazer oferecidas pela Prefeitura. Por isso, é preciso ficar bem atento na escolha para a definição do voto nas próximas eleições. Quem está, de fato, comprometido na promoção e manutenção da qualidade de vida de todas as pessoas? Que não entende a cidade como mercadoria? Nós vivemos numa sociedade extremamente consumista, onde valemos como pessoa pelo que temos para gastar, para consumir.
Vale trazer aqui, o aniversariante do dia, um dos maiores artistas do planeta, Caetano Veloso, que, na canção “Sampa”, coloca muito claro “da força da grana que ergue e destrói coisas belas”. É o que temos e vivemos. Tem como mudar? Tem sim. Eu entendo que é pela participação política. Ainda mais, neste ano, que antes da copa do mundo, temos o processo eleitoral já em curso. Você, pessoa idosa que me lê, eu te deixo um recado: não deixe de votar. Sua participação é muito importante para a construção, efetivamente, de uma cidade e de um país para todas as idades.