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Ação voluntária com as pessoas idosas

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Ser criança, ser adolescente/jovem e ser adulto fazem parte da nossa existência humana. Constituem o nosso processo de vida. Mesmo sendo pouco falado, e dando pouco ibope, envelhecer faz parte da nossa vida também. E só não envelhece quem parte antes.

Por que eu estou falando isso? Porque os projetos sociais de empresas cidadãs dão pouca importância ao investimento financeiro à área do envelhecimento. Nada contra as gerações mais jovens! Mas conta-se nos dedos de uma das mãos os financiamentos destinados à população idosa no Brasil. Hoje em dia, com a pandemia, a atuação empresarial filantrópica caiu bastante na cidadania brasileira, mesmo nos segmentos das futuras gerações. Nossa cultura social pública e privada não vê futuro no investimento para as pessoas idosas. Somos pragmáticos e interesseiros – de visão muito curta e pequena – ao esperar, de imediato, retorno de qualquer natureza em nossas ações coletivas. Assim é na política pública, assim é na cultura corporativa, com honrosas e elogiosas exceções.

Só que o mundo mudou: diversas transformações societárias lá de fora atravessam o nosso dia a dia, não existe mais essa história de que o que acontece “no estrangeiro” não tem nada a ver com a gente; o “nem aqui, nem na China” que falávamos, quando crianças, já não existe mais; tudo está interligado, conectado, globalizado. Nossas vidas não são mais tão nossas vidas!

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O envelhecimento de nossa população traz vários impactos para nossa cidade. Por exemplo, do ponto de vista da Previdência Pública Municipal. Vamos ter dinheiro para pagar o/as futuro/as colegas? A cidade vai ter recursos financeiros suficientes para o investimento na área da saúde e da assistência social, entre outras políticas, para garantir a qualidade de vida das pessoas já idosas e das que estão envelhecendo por aqui?

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A Constituição Federal de 1988 defende que a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida. Vejamos. Como a família responde às necessidades de seus idosos? O cuidado dispensado pelos familiares aos seus idosos carece de apoio público e da sociedade para a sua integralidade. A família, de um modo geral, requer apoio e atenção nessa difícil tarefa de assistir os seus integrantes mais velhos. Não só auxílio emocional, como também financeiro. Aqui, o ônus é muito pesado e solitário. Nesse ritmo do aumento do crescimento da população idosa na cidade, as demandas por cuidados tendem a aumentar: quem vai cuidar das pessoas idosas dependentes? Onde estão as pessoas cuidadoras de idosos e como estão sendo formadas?

Outra dimensão constitucional de amparo às pessoas idosas cabe à sociedade. Como a sociedade participa da vida das pessoas idosas? Que serviços sociais e de saúde, tanto na área pública, quanto corporativa, a sociedade oferece para a pessoa idosa com diagnóstico de demência? Quando eu falo da sociedade, eu estou implicando a responsabilidade da cidade aos seus cidadãos e cidadãs idosas que vivem em Juiz de Fora (MG).

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A outra dimensão de cuidado compete ao Estado, que, infelizmente, não tem cultura robusta de atenção pública ao nosso envelhecimento. Não é o nosso forte. Estamos soltos, entregues à própria sorte. Como no filme “O Poço” (Netflix), com direção de Galder Gaztelu-Urrutia, onde um dos personagens diz assim: “Existem três tipos de pessoas. As de cima, as de baixo e as que vão cair…” Por isso que o envelhecimento nos amedronta. Sem amparo oficial, nosso futuro fica comprometido, principalmente nesses tempos que vivemos de distanciamento social (mesmo antes da pandemia). Daí a importância da ação voluntária das pessoas, bem intencionadas – “Somente uma solidariedade espontânea pode trazer mudanças”.

Para a nossa resistência a esse futuro ameaçador, aposto na nossa capacidade de organização solidária e participo e conclamo os leitores e leitoras a participarem de mobilização de campanhas, serviços e projetos, tendo em vista melhorar as condições de vida das pessoas idosas, notadamente, as que se encontram numa situação de muita fragilidade familiar, social e comunitária. Como diria o Emicida, “o que temos é nóis mesmos!”

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A cultura do voluntariado precisa ser estimulada em nossa sociedade. Direcionar ações sociais às pessoas idosas que encontram-se em condições de vida precárias. Não importa tanto o tempo físico que se tem para viver. A quantidade de dias, horas e minutos. O que importa mesmo é ter um tempo de vida, por menor que seja, com dignidade, cuidado, afeto e amor.

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