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Dia Internacional da Pessoa Idosa em JF/MG

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Desejo escrever sobre o dia 1º de outubro – Dia Internacional da Pessoa Idosa – de um maneira nova, de uma abordagem diferente. Desejo estar aberto a outros ângulos de medidas sobre essa data. Desejo renovar minhas atitudes e expandir meus horizontes sobre o que me dá sentido na vida. Meu trabalho com as pessoas idosas é muito maior do que minha carteira de identidade e de todos os meus documentos pessoais. Esse trabalho transcende as fronteiras do dia-a-dia, circunscritas a uma carga horária, que se conta de segunda a sexta-feira, através de um tempo medido, biometricamente contado. Percebo que estou um pouco cansado de carregar a bandeira do envelhecimento na cidade. Não tenho lamentações nenhuma a fazer. Não carrego derrotas. Algo do tipo de que toda a minha luta não tenha valido a pena. Pelo contrário, a minha luta, de mãos dadas a tantas pessoas e profissionais valeu muito a pena, porque me sinto um vencedor, uma pessoa privilegiada por merecer o respeito e a atenção de boa parte da população idosa da cidade. No entanto, preciso reconhecer que uma nova estação se aproxima. Uma nova fase. Um novo ciclo. Como diria o grande poeta de Itabira/MG, “ficaram velhas todas as coisas, eu mesmo envelheci.” Desejo começar de novo, seguir na estrada, porém, de um jeito novo. Preciso nascer de novo. Reconheço as mudanças do/no mundo. Reconheço mudanças em mim.

Há 30 anos, as pessoas idosas não tinham para onde ir, pelo menos, uma grande parcela dessa população, não se encontrava. Não se tocavam. Não dançavam. Não passeavam. Não namoravam. Não faziam ginástica. Não brincavam carnaval. Não saíam de casa. Uma parte considerável da fração etária idosa da cidade envelhecia no silêncio, no esquecimento, enfiada de cabeça baixa na TV; muitos, asilados na própria casa. Hoje, apesar de (ainda) curtirem o tricô e o crochê, boa parte das pessoas idosas querem muito mais para as suas vidas. Lutam por Liberdade. Amor. Solidariedade. Atenção e respeito de toda a comunidade. Estão mais presentes na cena urbana. Nos movimentos de participação social. Nas redes sociais de contatos virtuais. No WhatsApp. No Instagram. São o que a literatura especializada denomina de os “novos velhos”. E novos, porque? Por que não se permitem mais a manipulação da família. Tem dinheiro, mesmo que seja o miserê do valor dos benefícios previdenciários. É com essa renda, que muitos dos idosos e idosas mantêm a família de pé, bancando o neto na faculdade. Ajudando no pagamento de um novo modelo de telefone celular. De onde vem esse dinheiro? Da aposentadoria do vô, da vó. Só por aí, ele merece, ela merece todo o respeito da casa.

Há um tempão, a cidade tinha 40 mil, 50 mil pessoas idosas, hoje, já somam mais de 95 mil pessoas com a idade de 60 anos ou mais. Eu mesmo mudei, como afirmei lá em cima, estou quase na terceira idade. Meu filho, Pedro, já fez 30 anos de vida. Em novembro de 2020, estou aposentado. É a dinâmica da existência. Precisamos encontrar propósitos na vida. Descobrir sentido para acordar de manhã e ir para o trabalho. Penso que chegamos a uma idade, como a que me encontro e me pergunto: o que efetivamente faz sentido para a minha vida? No melhor ideário reichiano, eu busco o amor, o trabalho e o conhecimento. São as fontes da nossa vida, diria o velho médico. E de todas as mudanças ocorridas no mundo, eu não me canso de escrever e de falar, é o nosso envelhecimento populacional. Como o de Juiz de Fora também.

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Na terça-feira dessa semana, dia 1º/10/19, a Comissão do Idoso da Câmara Municipal promoveu vários eventos na expectativa de sensibilizar a comunidade para a presença das Pessoas Idosas. Deu resultados? Como medir? Reconheço plenamente que em uns dias, ou em uma semana, nós não mudamos comportamentos de ninguém. Comportamentos de educação, de generosidade, por exemplo, vêm de casa. Vem do berço. Mas acredito firmemente que precisamos informar as pessoas, produzir conhecimentos, elaborar pesquisas sobre o envelhecimento e devolver à sociedade. Aprendi que na vida, a comunicação é muito importante, principalmente na vida pública. O que fiz nesses mais de 30 anos de trabalho social com as pessoas idosas na cidade é mostrar-comunicar que elas têm valor. Que elas existem. E estão vivas, muito vivas. Que elas têm direito, há um fim com dignidade. Todos nós temos o direito de envelhecer com qualidade de vida, com cidadania e com civilidade.

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Que festejemos mais datas alusivas ao calendário temático da geriatra e da gerontologia. Como o dia 1º/10/19. É uma atitude saudável. Até porque chegar bem à terceira idade é mesmo um grande privilégio e precisa ser comemorado. Mas, é preciso continuar a luta. Transformar a cidade numa cidade amiga da pessoa idosa. “É junto dos bão, que a gente fica mió”, ensinou João Guimarães Rosa.

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