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Lista de gratidão!

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Eu tenho a percepção de que em todo começo de ano e final de outro, é o momento para fazer uma reflexão ampla sobre a vida que estou produzindo: para onde e como estou indo? Nesse período do ano, sinto um pouco de mal-estar, medo e insegurança. O que virá pela frente? Com quem eu posso contar? Mesmo com todo o simbolismo capitalista que a sociedade injeta no clima de fim de ano – de festas – para o dia seguinte, ou no dia de amanhã, nada vai mudar. A tarefa está comigo. Está com você, leitor, de pegar a sua vida nas mãos e seguir a jornada. É você, sou eu, quem vai destacar a folha do calendário do mês de dezembro e colocar outro no lugar. Partiu 2020. Pode chegar.

Nesses dias tão corridos e tão mecanizados pelo consumo das coisas e produtos, a gente sucumbe diante de nossas necessidades e desejos pessoais. Humanos. O que eu fiz então por mim e para mim nos 365 dias de 2019? Essa é uma questão de ouro. E que deve ser visitada para o tempo de uma vida. Para o tempo que eu estiver por aqui. Com a passagem do tempo, exercito com muita resistência a aprendizagem de valorizar e enaltecer as pequenas coisas do dia-a-dia. As delicadezas dos pequenos gestos e ações. Como, por exemplo, o motorista do aplicativo que me leva para o trabalho que durante o trajeto introduz conversas sobre o clima, se está calor ou se vai chover. Pura falta do que falar. Mas, às vezes, sou eu que tenho a necessidade de falar com ele. E geralmente é uma das primeiras pessoas que encontro no dia que para mim começa fora de casa (acordo cedo).

No ambiente de trabalho procuro imprimir um clima leve e bem humorado. Gosto de pegar na mão das pessoas idosas com as quais estou diariamente no departamento. É um ritual que faço, quando chego pela manhã. E quando retorno para o segundo tempo, à tarde. Li no jornal, um determinado dia, sobre o comportamento de um líder de pessoas, onde o autor da matéria, disse que a gente deve “perder tempo” com elas, com os clientes, usuários. Sem saber, faço isso há mais de 30 anos. Engrossando minha lista de gratidão. Agradeço à Deus, além da capacidade de acordar de manhã, pegar um carro e ir para o trabalho, agradeço muito pelo que realizo com uma fração etária das pessoas idosas de nossa cidade. Esse trabalho que não canso de dizer, é muito maior do que eu, é um exercício que me coloca para muito além de uma rotina marcada pela passagem das horas registradas numa maquininha de biometria e que pouca gente vê. O encontro diário com as pessoas idosas me lembra todos os dias de que matéria a vida é feita.

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De gratidão, reciprocidade, poesia, sentimento e amor. Todos os dias sou lembrado também de que a vida é a coisa mais importante do mundo. E que é na convivência com as pessoas que encontramos o remédio para as nossas dores e ais. No meu caso, o trabalho social com as pessoas idosas me deu esse lenitivo de entrar em mim para uma constante análise do que eu tenho feito com os meus dias. 2019 foi um ano que exigiu de mim perseverança. Resistência (de novo) para seguir em frente, no embalo da música do Chico, de que amanhã vai ser outro dia. Mesmo que com os dias repetidos na lógica da intolerância e da violência institucionalizadas. Mas nada é capaz de deter a força do amor que a tudo ilumina, mesmo com o machado do lenhador.

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Para finalizar essa lista de gratidão, que pode parecer algo que tenha a ver com um pouco de literatura de autoajuda, que o seja, não vejo problema algum, renovo minha necessidade afetiva da presença dos amigos, dos familiares e a sua companhia semanal, caros leitores e leitoras no registro do que acontece com as pessoas idosas na cidade, a partir da minha escrita. Renovo também a minha necessidade para esse ano de 2020 de me tornar uma pessoa melhor. Na dor e no amor.

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