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Respire fundo, tem muita vida pela frente!

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O título dessa crônica de hoje pode parecer um deboche. Um escárnio diante da situação que estamos vivendo há um ano com a pandemia. Onde mortes e mais mortes, diariamente, entram em nossa casa e em nossa alma. Essa Coluna de hoje não é um deboche. É um profundo lamento. Um desabafo. Como muitas pessoas, eu também tenho medo da morte e sinto insegurança todos os dias sobre a contaminação do vírus. Ao meu alcance e ao meu grupo familiar temos feito a proteção sanitária recomendável. A aplicação da vacina com a continuidade dos cuidados básicos sanitários nos dão alento e vida nova. Para todas as idades, mas com mais calor e esperança de vida para os mais velhos. Que, por uma sociedade que valoriza a morte, reforçada pelo mundo oficial, não tem no seu horizonte, uma perspectiva de futuro; mesmo fora de tempos de pandemia. Nossa educação social está voltada para a morte e não para a vida. O que pode justificar em nós o temor que sentimos pela passagem do tempo. Queremos viver muito, mas sem envelhecer. Como se isso fosse possível.

Informações chegam até nós, dando conta de que, alguns cientistas (bem pagos) estão se debruçando sobre essa perspectiva de conhecimento, de pesquisa: eliminar a estação da velhice de nossa trajetória de vida. Viveríamos muito sem termos uma ruga sequer. É verdade, cresce no mundo a ciência contra o envelhecimento humano. A medicina anti-envelhecimento tem seus fortes representantes.

Com todo respeito. Eu não acredito nela. Nossa cabeça precisa mudar. Precisamos quebrar as crenças limitantes que estão enrugadas dentro de nós. Estar velho não significa estar morto. E só não envelhece, aquele ou aquela pessoa que morre antes de ter mais idade. Além da vacina, as pessoas idosas e todos nós, queremos a vida. E em abundância. Temos direito aos nossos sonhos, nossos amores, novas conquistas, mais prazer no dia-a-dia. Nossa capacidade de aprendizagem e de sonhar não podem e nem devem diminuir com a idade. Nós é que temos que ter esse compromisso. E não deixar de fazê-lo, porque ficamos esperando a permissão dos outros, que na verdade – tirando os nossos familiares e alguns bons amigos – não estão nem aí para nós. É para vocês, pessoas idosas, que dedico essas linhas: “não aposentem da vida!”. Recomendação que serve muito para a minha vida. Vamos continuar vivos o maior tempo possível. Até literalmente, morrermos… Não podemos permitir e deixar que a imaginação saia da nossa cabeça. Uma sociedade sem imaginação é uma sociedade morta, sem futuro. O quanto perdemos de sonhos, ideias e projetos, quando insistimos em deixar as pessoas idosas de fora do nosso convívio social? Se tivéssemos a consciência e a aceitação natural, sem dificuldades – acredito que podemos ter – de que todos nós envelhecemos ou envelheceremos, certamente nosso mundo estaria melhor, nossa cidade seria mais democrática e mais saudável.

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Coincidentemente hoje é sexta-feira da Paixão, mesmo com o deserto social provocado pela pandemia, é momento, mais do que nunca de reflexão. Ancorado no evangelho de Jesus, acredito na esperança de dias melhores, de que a vida será e deverá ser cada vez mais valorizada. E que algumas lições podemos extrair desse tempo de isolamento social. A mais importante lição e que está presente em todas as outras que podemos enumerar, é a de que a potência de desenvolvimento de nossa humanidade está muito ligada, e não tem outro caminho, ao encontro das pessoas. Sem as pessoas não existe vida. Nesse momento, para mim, eu justifico o título dessa Coluna, que de deboche não tem nada, prezado leitor e cara leitora. Quero passar a mensagem a todos vocês que me leem, que a vida não tem fim para os nossos desejos de sermos pessoas maiores na capacidade de sonhar e de sermos melhores, mais amáveis e gentis, na conexão com todas as pessoas. Temos muita vida pela frente. Embora, considero que o medo de morrer nunca esteve tão presente em nossas vidas, como agora. Há uma paralisia em nossas vontades e nos nossos movimentos de crescimento. Acredito que vão passar. O mundo não vai acabar amanhã. Portanto, há tempo de começar tudo outra vez, tentar outra vez. Ou mudar de direção. Vá onde esteja sua alma. Já fizemos muita coisa sem vontade de fazê-las

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