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45 anos sem Vlado

marcos araujo coluna1
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Estamos há 45 anos sem o jornalista Vladimir Herzog. No último domingo (25), completou-se mais um ano que sua falta se faz sentida. Vlado, como era conhecido, foi assassinado em 25 de outubro de 1975, após ele ter se apresentado, de forma voluntária, para depor no Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI). Ele jamais pensou que poderia ser vítima de tortura ou mesmo morto, pois, segundo seus amigos, o jornalista achava que quem só militava intelectualmente não estava na mira da repressão.

Apesar de sua ausência, seu espírito e valores que defendia mantêm-se vivos. Impossível lembrar de Vlado e não refletir sobre o nosso Brasil atual, porque, ao recordarmos as violências do passado, a crueldade dos dias atuais salta aos olhos. Depois de mais de quatro décadas e do fim de um período de 21 anos de ditadura, nós, brasileiros, ainda lidamos com a violência advinda do estado, com transgressões aos direitos humanos, sempre tão mal compreendidos pela população que mais precisa deles, e com ameaças contra a nossa democracia a cada dia mais fragilizada.

Assim como no Brasil de hoje, naquele de cerca de 40 anos atrás, também havia perseguição aos movimentos sociais, às manifestações culturais, aos jornalistas e a qualquer forma de liberdade de expressão. Historiadores e cientistas sociais apontam que, pela razão de os brasileiros não conseguirem enfrentar os fantasmas de um passado repleto de autoritarismo, somos obrigados a conviver, na atualidade, com violências muito semelhantes àquelas instauradas nos anos de chumbo.

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Em maio deste ano, a Justiça Federal de São Paulo rejeitou denúncia feita em março pelo Ministério Público Federal, que acusava seis pessoas pelo assassinato do jornalista Vladimir Herzog, em 1975, durante a ditadura. A justiça considerou que o crime se enquadra na Lei de Anistia, assinada em 1979. O texto perdoava os que “cometeram crimes políticos ou, conexo com estes, crimes eleitorais”.

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Na ocasião, em nota, o Instituto Vladimir Herzog, criado para preservar a memória do jornalista e para a constante luta pela democracia, considerou “lamentável” a decisão. “O Instituto Vladimir Herzog segue incansável na luta pela reinterpretação da Lei da Anistia pressionando para que o Brasil siga os acordos internacionais que ratificou e assinou voluntariamente, para que que todos que cometeram crimes de lesa humanidade nos porões da ditadura sejam julgados e responsabilizados”, declarou.

Se vivo estivesse, Vlado estaria completando 83 anos. Certa vez, disse: “Quando perdemos a capacidade de nos indignar com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerar seres humanos civilizados”. A frase, além de impactante, nos faz refletir sobre nosso lugar no mundo, sobre o caráter de cidadão que somos e sobre qual tipo de sociedade queremos viver e deixar de legado para as próximas gerações. E é justamente pela simbologia que envolve a história de Vladimir Herzog que ela precisa ser trazida à tona e mantida sempre em evidência, para que jamais esqueçamos do passado e para que não corramos o risco de repeti-lo.

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