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Paranoia

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Que nós brasileiros estamos todos atolados na paranoia que se transformou o debate público sobre o segundo turno das eleições é inegável. Acho até que não daria para ser diferente, uma vez que é o nosso futuro que está em jogo. Mas é certo que tem muita coisa passando dos limites. A cada minuto, nas redes sociais, há um novo post sobre satanismo, canibalismo, inverdades sem qualquer conexão com a realidade, que levam para o ralo todo o processo que deveria ser de troca de informações, a fim de que tenhamos condições de sedimentar o nosso voto. 

Todo esse delírio que vemos, agora, pode custar muito caro para as verdadeiras considerações que deveríamos estar colocando na mesa, neste momento, e que são tão necessárias para as definições que almejamos. 

Deveríamos, por exemplo, estar aproveitando este período eleitoral para debater sobre as mudanças climáticas, que, a cada dia, ficam mais fáceis de serem observadas. O Brasil tem um grande potencial de recursos naturais, o que nos obriga a, enquanto nação, pensar acerca de compromissos voltados para a redução de emissão de gases e estratégias voltadas para uma economia mais sustentável. 

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Todavia, nada disso tem sido discutido. Até a questão da fome, um flagelo antigo da sociedade brasileira, virou motivo de gritaria quando o tema é tratado na homilia. Não querem ouvir falar sobre fome, sobre violência, sobre desemprego, sobre alta dos preços, sobre combate às desigualdades sociais. Direitos Humanos, então, jamais! Só se ouve falar de uma guerra entre o céu e o inferno, entre bem e mal, como se anjos e demônios estivessem aqui, em carne e osso, para nos levar rumo a um país capaz de dar dignidade a seu povo ainda neste plano terreno. 

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O mundo vive um período de incerteza e não se sabe o que pode acontecer. A guerra na Ucrânia pode demorar a acabar, gerando consequências desastrosas em todo o planeta. Inclusive, um possível conflito nuclear, que era algo pensado no passado e que voltou a nos ameaçar. 

Mas nada disso importa, quando o que mais nos incomoda é o que o vizinho faz entre quatro paredes, na sua intimidade. Viramos censores da vida alheia. Todo esse cenário, que ora nos é imposto, está nos impedindo de enxergar o que pode se tornar nossa sociedade, depois que o país sair das urnas. 

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Temos ainda uma semana pela frente até a eleição. Serão dias intensos, mais e piores fake news deverão surgir para apavorar os incautos. Temos que ter em mente que a segunda-feira, dia 31 de outubro, vai chegar, e com ela uma grande tarefa, que, independentemente do candidato vencedor, será colocar o Brasil nos trilhos. Mas trilhos verdadeiros, fincados com fatos e com o desejo de realmente fazer da nossa nação uma terra boa para todos os brasileiros e brasileiras. 

Agora, é preciso colocar o pé no chão e pensar sério sobre o que realmente queremos para nossa sociedade. É necessário acordar do pesadelo para que não fiquemos assombrados com o amanhecer do ano novo. 

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