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Paralisados 

democracia luta
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O medo paralisa! É dessa forma que muita gente tem se manifestado a respeito do receio de falar de política. Quanto mais perto estamos do dia do pleito, mais pessoas se sentem inseguras de tocar no assunto. Paira no ar uma sensação de insegurança, que deixa boa parte dos brasileiros paralisados quando o tema “eleições” aparece nas rodas de bate-papo. Nas ruas é possível perceber, cada vez menos, bandeiras e adesivos nos carros. Camisetas e bonés de partidos estão saindo com menos frequência das gavetas. Até nos grupos familiares de WhatsApp o tema “política” vem sendo evitado. O diálogo foi interrompido. E não é para menos. Diante de episódios recentes de violência político-partidária, o mais seguro a se fazer é ficar calado.  

Todavia, pode até ser mais seguro, mas, com certeza, não é o melhor. Uma das dimensões mais importantes da democracia é o direito à participação, à expressão e à manifestação e, quando isso não acontece, é sinal de que a própria democracia, de alguma forma, está ameaçada. Essa sensação de medo foi medida em uma pesquisa inédita da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

Segundo o levantamento “Violência e democracia: panorama brasileiro pré—eleições de 2022”, 67,5% dos entrevistados afirmam ter medo de serem agredidos fisicamente em razão de suas escolhas políticas ou partidárias. Do total de ouvidos, 3,2% relatam ter sofrido ameaças por motivos políticos no último mês. Se extrapolada a amostra da pesquisa, são cerca de 5,3 milhões que já sofreram ameaças. O estudo foi realizado pelo Instituto Datafolha, que ouviu cerca de 2.100 pessoas entre os dias 3 e 13 de agosto em cerca de 130 municípios.

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De acordo com o sociólogo Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum, o Brasil vive o momento em que seu debate eleitoral  está interditado. O que evidencia essa situação são os casos recentes de violência político-eleitoral, como a diarista que teve uma marmita negada e os assassinatos de petistas no Paraná e no Mato Grosso. Todas essas situações que repercutiram em demasia no noticiário nacional mostram que as divergências políticas podem acabar em retaliação ou até em morte.

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Os especialistas na área afirmam que esses casos provocam um clima de pânico e acabam por mobilizar aqueles que são contra os avanços civilizatórios. Assim, os cidadãos ficam paralisados, porque realmente estão com medo de se tornarem vítimas. E quando a gente lembra que mora em um país que assiste ao crescimento do número de armas nas mãos das pessoas, esse pavor é mais agravado. 

Tenho ouvido de pessoas que estudam a política que essa famigerada polarização, que tanto mal vem fazendo à nossa democracia, acaba por transformar adversários em inimigos, e o importante nesse tenebroso contexto é a aniquilação do outro, na medida em que a destruição do antagonista seria a condição para a sobrevivência de quem está do lado oposto. 

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Atravessados por essa realidade tão vil, o que resta a nós é ficarmos paralisados. Mas não podemos aceitar que essa paralisia se estenda para além. O debate precisa voltar para dissipar o medo, devolvendo-nos paz.

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