Há uns dias, fui surpreendido pela presença de um bicho-folha na porta da cozinha da minha casa. A surpresa foi grande, porque, desde a minha infância, não me deparava com ele. Mais que depressa, chamei minha filha para poder observar junto comigo aquele encanto da natureza. Ela, que nunca tinha ouvido falar sobre o tal bicho, ficou maravilhada com a nova descoberta. Imagine só uma espécie que ora se confunde com inseto, ora se confunde com planta!
Passamos algum tempo entretidos olhando para aquele que é considerado o mestre dos disfarces da natureza. A maneira como se movia, às vezes para frente, às vezes para trás, como se fosse uma folha flutuando. O seu verde tão verde e vibrante que o torna mesmo indistinguível entre outras plantas e suas pernas esticadas que se parecem com gravetos. Depois de muito apreciá-lo, achamos que o melhor para a segurança dele era devolvê-lo ao meio ambiente. Assim, procuramos uma varinha, que nos ajudou a transportar o inseto até o quintal e lá o soltamos para a liberdade.
Em seguida, fizemos uma pequena pesquisa na internet a fim de descobrirmos o porquê dessa especificidade do bicho-folha e ficamos sabendo que esse “poder”, como disse minha filha, de se confundir com uma folha, é a artimanha que ele usa para escapar de seus predadores.
Essa história acerca do bicho-folha me fez pensar em muitas instâncias da nossa vida e como seria maravilhoso se nós também pudéssemos nos camuflar e, assim, evitar dissabores. Mas, logo em seguida, minha mente foi povoada por pensamentos menos otimistas. Minhas ideias foram atravessadas pelos nomes de diversos políticos, de brasileiros a estrangeiros.
É notória a estratégia de grande parcela de políticos para se dar bem. Há aqueles que se camuflam para obter vantagens ou se adaptam ao ambiente para melhor tirarem proveito de determinada situação. Mas é preciso botar os pingos nos lugares certos. O fato de muitos políticos serem da forma que são, apelando para estratagemas para confundir o povo, também é consequência do eleitorado. Quando as pessoas desejam o impossível e estão apartadas da realidade, somente os mentirosos e demagogos podem satisfazê-las.
Todavia, quando os fatos se impõem e os resultados econômicos de medidas populistas começam a cobrar seu preço, os eleitores percebem que caíram em um engodo. Atualmente, no Brasil, o que não faltam são tentativas de burlar o real. As fakes news são provas cabais da perversidade dessa política desligada dos anseios da população. Tanto é que uma rede de ataques e desinformação conhecida como “Gabinete do ódio”, ligada ao Palácio do Planalto, foi descoberta e começa a dar sinais de que pode ruir. Mas isso só o tempo dirá!
Novas eleições estão por chegar e, para votar, o eleitorado necessita de informações precisas, para que não se deixe levar por enganações. Vale lembrar que a internet se transformou em uma ferramenta perigosa para quem publica ou consome conteúdo sem o devido cuidado com a veracidade das informações.
O pior disso tudo é que a rede pode ser usada como uma poderosa arma para quem, de forma intencional, divulga notícias falsas. Existe a necessidade de estar alerta, de buscar as informações corretas para o próximo pleito, para que nossa esperança seja restabelecida e seja verde. Verde e vibrante como a cor que o bicho-folha usa para continuar vivendo!