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Crônica de esperança

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Esperança talvez seja a palavra que mais tenha utilizado nesta coluna ao longo do último ano. E, no momento, considero que não existe termo melhor para descrever nosso sentimento neste início de 2021. Confesso que, em determinadas situações, tive receio de usá-la, de ser taxado de inocente, de cego. Como alguém incapaz de olhar ao redor e enxergar o caos. Diante de certas conjunturas, tive a impressão de abandono crônico. Sentimento esse compartilhado por muitas pessoas de minha convivência e milhares de vezes expresso nos espaços de comentários para internautas ao final de cada notícia trágica, e não foram poucas nos últimos 12 meses.

Todavia, apesar disso, a esperança nos seguiu de perto. Lado a lado dessa sensação de descrédito. Muitas vezes apequenada, tímida, tentando se esconder. Mas, a meu ver, saiu vitoriosa. Sim, porque, nós, brasileiros, ainda não abdicamos do nosso direito à felicidade e ao respeito. Por mais que existam os adoradores do ódio, os negacionistas, os grosseiros, os cafonas, os racistas, os sabotadores das alegrias alheias, quero acreditar que eles fazem parte da minoria.

Da mesma forma, quero crer que o poder político e econômico que se faz de mudo e surdo para nossos anseios está com dias contados, porque espero que a maioria da nossa gente já esteja cansada de tanta picardia. A maioria é dotada de sentimentos nobres, deseja paz para viver e trabalhar e não compactua com o estado de barbárie que ora é obrigada a presenciar.

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Por esta razão, esta primeira coluna de 2021 é uma crônica de esperança. De desejo para que saibamos ter resistência e tenhamos ânimo de nos colocar contrários ao desprezo pela vida que paira sobre a sociedade, desprezo oriundo de forças malignas estacionadas no poder. Que tenhamos coragem para varrer do mapa líderes sem empatia diante da dor, da morte e da pobreza.

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Que tenhamos sabedoria e sensibilidade para inspirar aqueles que estão do nosso lado para o senso de humanidade, a fim de que tenhamos chances de tornar nosso planeta mais habitável. Tenho a sensação de que, ao longo de 2020, tentaram, o tempo todo, roubar nossa esperança. Quiseram nos mergulhar no mesmo fundo do poço no qual vivem os sádicos de plantão.

Fizeram-nos percorrer caminhos incertos, furtaram a tranquilidade do nosso sono e colaboraram para que acordássemos sobressaltados. Mas, no fundo, fizeram-nos mais fortes, assim quero crer. Concederam-nos a oportunidade de refletir sobre a urgência de união de forças e de mudança de rota, para que possamos pular fora desse paradeiro obscuro, porque não merecemos e recusamos isso.

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Desejo acreditar que o tiro tenha saído pela culatra, porque se quiseram nos esmagar, com certeza fracassaram e nos fizeram renovar nossos votos de esperança!

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