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Rir também é resistência

Saiba como estão os editais da Lei Paulo Gustavo em Minas e em JF

Foto: Divulgação

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Mais uma gargalhada foi silenciada. Paulo Gustavo nos deixou. Saiu de cena cedo demais. Uma pena alguém morrer tão jovem, apenas 42 anos, em pleno pico de sua criatividade. Sua morte soma-se à tragédia que se abateu contra mais de 400 mil brasileiros, total de vidas perdidas apenas 36 dias depois de a nação chegar a 300 mil óbitos. Triste pensar que alguém possa morrer por causa de uma doença para a qual já existe vacina e que foi preciso a criação de uma CPI para investigar o porquê da demora da disponibilidade das doses. O país subestimou a pandemia da Covid-19. Um diagnóstico errado e, por isso, também tomou o remédio errado. Agora, amarga as consequências das decisões que preferiu tomar ou escolheu não seguir.

Com a vacinação que começou atrasada e segue vagarosa e instável, o país estacionou em um patamar elevado de mortes por coronavírus, registrando uma uma média móvel superior a dois mil óbitos por dia. Mesmo assim, há os que se negam a enxergar o que o Brasil está enfrentando. Vivem em um mundo paralelo, optando por uma vida normal, sem dar importância para barreiras sanitárias, se aglomerando em bares, festas clandestinas, circulando sem máscara e fazendo postagem nas redes sociais. Da parte deles, não existe consciência coletiva. Se não abrirmos os olhos, não haverá condições de deter essa mortalidade que é, sim, de responsabilidade pública.

Apesar de ser reconhecido por sua prática na vacinação, o país não usou todo o seu potencial para evitar essa catástrofe, que muitos chamam de genocídio. Todas as pessoas que tiveram a vida interrompida pelo coronavírus possuía uma história e, de repente, a ausência delas deixou uma lacuna no dia a dia de familiares e amigos. São milhares de homens e mulheres, pais, mães, filhos, filhas, netos e netas que formam um mosaico de vítimas, o qual reflete a forma como nosso governo resolveu lidar com a maior peste do nosso tempo, muitas vezes tratada como “gripezinha.”

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Se perdemos o humorista nesta semana, ao longo de mais de um ano de pandemia, nossa cultura ficou órfão de tantos outros de seus representantes das mais variadas matizes, como a atriz Daisy Lúcidi, o dramaturgo Antônio Bivar, o escritor Sérgio Sant´anna, os cantores Agnaldo Timóteo e Genival Lacerda e o compositor Aldir Blanc, que um dia versou que “O Brazil não conhece o Brasil”. Hoje, há quem diga que o “Brazil está matando o Brasil.”

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Infelizmente, essa lista é maior do que posso citar aqui. E não é só no campo da cultura que ela não para de crescer. Se, lá no início, as mortes eram apenas números, hoje, já não conheço ninguém que não tenha um parente ou amigo abatido pelo coronavírus. São vários anônimos, Joãos e Marias, todos brasileiros e com lugares cativos nos corações de outros brasileiros. Por todos eles, estamos em luto e espero que essas dores não sejam em vão.

Que essa perda prematura de Paulo Gustavo, que não foi provocada apenas pelo vírus, mas também pela falta de políticas voltadas para a saúde pública em um momento tão crucial, sirva de alerta. Sua galeria de personagens engraçados irá nos fazer falta. Com eles, o Brasil deu gargalhadas e também aprendeu que, em tempos tão sombrios, rir é uma forma de resistência.

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