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A menina de Gaza e o direito à infância 

Menina de Gaza 1
Menina de Gaza
Na última semana, a coragem de uma menina comoveu o mundo. Em um vídeo feito por um fotojornalista, essa garota aparece caminhando descalça por uma estrada sob um sol escaldante, carregando a irmã mais nova nas costas (Alaa Hamouda/Reprodução)
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Do outro lado do mundo, a guerra força crianças a se tornarem adultos. Da noite para o dia, após um ataque, meninos e meninas são forçados a um amadurecimento precoce. Sem mãe ou pai, essas crianças precisam aprender a sobreviver sozinhas ou assumir a responsabilidade pelos irmãos mais novos. Na última semana, a coragem de uma menina comoveu o mundo. Em um vídeo feito por um fotojornalista, essa garota aparece caminhando descalça por uma estrada sob um sol escaldante, carregando a irmã mais nova nas costas.

Apesar da pouca idade e do corpo franzino, a menina revelava uma força descomunal ao levar a outra criança ferida para um acampamento de refugiados na Faixa de Gaza, após esta ter sido atropelada. A cena, ao mesmo tempo chocante e enternecedora, expõe aos olhos de todas as nações o sacrifício e a resiliência de crianças cujas vidas são ameaçadas em áreas de conflito.

São meninos e meninas que perderam o direito à infância. Já não podem mais brincar — pelo menos, não como antes da guerra. Se ainda existe espaço para brincadeiras, elas já não têm o mesmo sentido, pois podem ser as últimas de suas vidas, diante de um amanhã que talvez nem exista se houver um novo bombardeio.

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Na verdade, a própria existência dessas crianças está sob ameaça. E, caso consigam sobreviver, suas vidas nunca mais serão as mesmas, pois viver em um ambiente de guerra e instabilidade afeta o desenvolvimento infantil. Desde muito cedo, essas crianças precisam aprender a lidar com a falta de acesso a cuidados médicos, alimentação adequada, educação e segurança básica. Sem falar no trauma psicológico, uma vez que vivem cercadas pela violência e pelas incertezas.

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É impossível pensar nas crianças de Gaza sem lembrar das daqui, das que vivem em situação de vulnerabilidade. Há um denominador comum: o abandono diante de um sistema que, em ambos os casos, não protege seus direitos nem garante um futuro seguro. Em Gaza, elas enfrentam o terror de um conflito armado, deslocamentos forçados e a perda de familiares. A realidade delas é marcada pela urgência da sobrevivência diária e pela exposição direta à violência.

No Brasil, especialmente em áreas onde a justiça social ainda não chegou, muitas crianças também crescem em um ambiente hostil. Aqui, a violência estrutural se manifesta por meio da pobreza, da falta de acesso a serviços básicos e da violência urbana. Para elas, o cotidiano inclui a exposição a perigos como o tráfico, a violência doméstica e a exploração infantil. Embora distantes de uma zona de guerra, essas crianças vivem uma guerra contra a desigualdade, que limita suas oportunidades. Ainda há muito a se fazer pela infância no Brasil.

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Apesar de suas mazelas, tanto as crianças na Faixa de Gaza quanto as de nosso país, que resistem às suas guerras, são prova de uma força extraordinária. Mesmo em meio a cenários de adversidade, elas continuam a caminhar, seja descalças em uma estrada sob o sol escaldante ou em vielas estreitas de comunidades marcadas pela precariedade. A menina de Gaza virou símbolo de coragem, e que sua bravura seja exemplo para os adultos, para que se empenhem a fim de que nenhuma criança, nem lá nem aqui, tenha sua infância roubada.

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