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O silêncio dos bons pode custar muito caro!

santinho
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Do lado de dentro do balcão, o atendente falou em voz alta, chamando a atenção da mulher que trabalhava no caixa: – Em quem você não votaria de maneira alguma para prefeito? perguntou. Enquanto eu conferia o valor da compra no visor da máquina de cartão e me preparava para digitar a senha, a mulher respondeu: – Eu preferia não ter que votar. Estou totalmente desinteressada em política.

Saí da farmácia pensando sobre essa animosidade que, às vezes, bate sobre todos nós, quando lembramos do cenário político brasileiro. Tal sentimento, para muitos, redunda no voto nulo ou em branco, que ganha um sentido de voto contra a política. De maneira alguma significa um voto contra a democracia ou contra o que prega a Constituição, mas uma forma de descontentamento com o modus operandi dos políticos eleitos democraticamente.

A falta de interesse demonstrada pela caixa da farmácia em não conceder seu voto e confiança para nenhum candidato pareceu-me que vai bem por essa questão. Eu confesso que, sim, há ocasiões em que cumprir o dever de votar, ou melhor, de manifestar o meu direito de escolha, é difícil diante das opções que se colocam à nossa disposição.

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Todavia, não podemos esmorecer. É preciso levantar a cabeça, respirar fundo e firmar o pensamento, tendo em mente que o envolvimento político pode ser uma via que nos leva à sobrevivência e à preservação das mínimas condições de uma sociedade livre. Que pode ser a manutenção e o resgate de valores importantes que não queremos que sejam esquecidos, posto que muitos deles já foram varridos, e também pode significar a salvaguarda do que ainda nos resta de espaço e voz no que diz respeito aos rumos de nosso país.

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Desde o último domingo, as campanhas, com propagandas eleitorais nos veículos de comunicação e mídias sociais, assim como nas ruas, com a distribuição de materiais gráficos, carros de som e comícios, começaram, oficialmente, a valer. No feed do meu Facebook e do meu Instagram, povoam santinhos digitais de postulantes à Câmara de Vereadores.

Opções não faltam, apenas é preciso saber escolher bem. E lembrar, sempre, que a história, que sempre se repete, nos mostra que a omissão lajeia uma estrada feita de absurdos. Ficar em cima do muro, mantendo uma posição inabalável de não estou nem aí, é também uma forma de contribuir para que entremos em caminhos sem volta, com destino à barbárie.

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As últimas eleições foram marcadas pela polarização acirrada, o que muito fez mal ao debate. Assentados sobre posições ideológicas, deixamos de ouvir, de trocar ideias, e o outro quase que virou inimigo, esvaziando o diálogo. Claro que isso não faz bem ao processo eleitoral, nem para a democracia. É necessário ficar alerta, pois, quando anestesiados pela falta de dialogar, ficamos mais predispostos a nos tornarmos massa fácil de ser conduzida e controlada.

É por isso, caros amigos, e aqui torço para que essas palavras cheguem até a desconfiada caixa da farmácia, se faz necessário participar, estar vigilante, apurar nosso senso crítico e combater a omissão, porque se engana quem pensa que se omitir é ficar de fora. O silêncio dos bons pode custar muito caro!

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