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Em vez de mero espectador

O teatro da vida não poupa ninguém. Cedo ou tarde, todos nós somos desafiados a deixar o lugar de público, para enfrentar nossos próprios desafios (Foto: Pixabay)
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Quem nunca ouviu dizer que, na vida, existem aqueles que, à distância, sempre observam. Outros, no entanto, mais audaciosos, se lançam ao centro do palco, onde, debaixo dos holofotes, se expõem a todo tipo de risco. Já estive nesse lugar e sei que o palco amedronta, mas também fascina. Quem se aventura na arte de atuar, sabe dessas dores e dessas delícias. 

Mas não é sobre teatro que quero falar neste texto. Pelo menos não dos dramas que se resolvem ao fechar das cortinas, mas sim dos dramas da vida real. Esses sim são mais confortáveis para quem observa de longe, da plateia da vida, e só sabem o dedo apontar, opinar e criticar. Afinal, quem está no auditório não sente o peso das decisões, das consequências, do suor e, por vezes, das lágrimas que marcam quem ousa entrar no palco-arena.

Se, em vez de teatro, a metáfora aqui fosse jogo de futebol, diria que, da arquibancada, o jogo é claro, cada movimento parece óbvio, cada erro imperdoável. E as mães dos jogadores, dos técnicos e dos juízes são as que sofrem. 

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Deixando as figuras de linguagem de lado, o que quero dizer é que a visão privilegiada do todo não está disponível para quem, na correria do dia a dia, tenta se equilibrar na corda bamba trançada com demandas, responsabilidades e compromissos. Não é fácil, para quem se encontra no meio do caos, ter uma visão ampliada. Dessa forma, achar as saídas torna-se uma tarefa mais árdua. E, para quem não está nesse lugar, o melhor seria se calar. 

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Isso se aplica a todos os campos da vida. Seja na política, nos negócios, na arte, ou até nas decisões pessoais: quem só observa não sabe o que é a luta do outro. No drama da vida real, cada passo é uma escolha e cada movimento tem seu preço. 

Quem se atreve a sair do conforto da sua cadeira na plateia para subir ao palco sabe que o medo e a incerteza são companheiros constantes. Sabe que, ao final, o que conta não são as palavras de quem observou à distância, mas as marcas deixadas por quem enfrentou a mesma situação. 

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Aqueles que só criticam, frequentemente, esquecem que, em algum momento, terão de entrar debaixo de seus próprios holofotes. O teatro da vida não poupa ninguém. Cedo ou tarde, todos nós somos desafiados a deixar o lugar de público, para enfrentar nossos próprios desafios. E então, a perspectiva muda. De repente, aquilo que parecia tão fácil e óbvio de longe, revela-se complexo e cheio de nuances.

Por isso, é preciso ter coragem para lidar com a própria vulnerabilidade, de aceitar que nem sempre as coisas sairão como planejado, de saber que o fracasso é uma possibilidade e, ainda assim, seguir em frente.

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Porque viver, de fato, é isso: enfrentar o desconhecido, assumir responsabilidades, e, acima de tudo, ter a bravura de ser protagonista da própria história, em vez de mero espectador.

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