“Gente mais gente”. É assim que Paulo Freire finaliza seu livro “Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa”. Li essa obra recentemente, e é uma leitura da qual não se escapa. Cativa e deixa marcas e, acima de tudo, amplia a forma como se enxerga a educação e sua função no mundo. Para Freire, a educação, uma prática estritamente humana, jamais pode ser concebida como uma experiência fria e desprovida de alma.
Como pensador da pedagogia, ele repelia o que se pode imaginar como uma educação sob o total império da razão. A experiência educativa, que não deve prescindir do rigor e da seriedade para se atingir a competência, na visão dele, precisa ser pautada também nos sentimentos e emoções, nos desejos e sonhos, sendo capaz de transformar a gente em gente melhor.
Evoco o Patrono da Educação Brasileira, neste texto, para lembrar que comemoramos, na última quinta, o Dia Mundial da Educação. Mas, já vou logo fazendo uma ressalva, as datas comemorativas podem ser importantes. Porém, a educação, mais do que ser só reverenciada com dia marcado, carece ser exercida e praticada ao longo do ano e dos anos. A sociedade como um todo e, principalmente, aqueles que ocupam cargos de comando precisam ter em mente que a educação, para além das conquistas que pode representar para cada indivíduo, é lugar de perseverança e esperança. Com ela, é possível acreditar na transformação das pessoas e, consequentemente, do mundo.
Há quem diga que acreditar no potencial da educação para mudar o mundo seja utopia, mas, sem ela, qual outro caminho a seguir para que se tenha essa oportunidade? Paulo Freire apresenta a ideia que considera os seres humanos como, fundamentalmente, inacabados. E é justamente nessa incompletude, nessa falta de inteireza, é que podemos pensar o sujeito como cheio de possibilidades e de confiança em que o melhor ainda está por vir.
Nesse percurso à mudança, Freire alerta que é preciso estar vigilante contra todas as práticas de desumanização. Para tanto, reflexão e sabedoria são fundamentais para uma leitura crítica de tudo aquilo que serve de motivo para a degradação humana. O educador apresenta a solidariedade como força capaz de instaurar, nos homens e nas mulheres, a “ética universal do ser humano”, entendida como, absolutamente, indispensável à convivência. Para finalizar, recorro a uma das mais célebres frases cunhadas por Paulo Freire: ‘Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo’.