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Hoje não é dia de falar mal de ninguém

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Desde que cheguei à redação da Tribuna, e lá se vão 23 anos, ouço uma frase pitoresca que acabou virando uma brincadeira no jornal: dia de festa não é dia de falar mal de ninguém. Sempre falamos sobre isso ao cobrir aquelas inaugurações de obras públicas que a gente nunca sabe onde vão dar. O fato é que hoje, na véspera do fim de mais um ano, me lembrei dessa “máxima”.

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Dois mil e dezoito foi um ano de tantos enfrentamentos, causados pela polarização das eleições; de escândalos de corrupção surreais e descobertas de farras feitas com o dinheiro público – Cabral e Pezão são grandes exemplos da vergonha nacional -; de assassinato político, como o de Marielle Franco; e de uma série de feminicídios que tornaram urgente a discussão sobre o fim da impunidade. Mas, nesse momento de retrospectiva, acho que é tempo de olhar para dentro de nós mesmos e fazer um balanço desses 365 dias.

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Os meus – e acredito que os de 99% dos brasileiros – foram de muito trabalho, porém de aprendizados profundos. Como esquecer o ano que para mim começou no Rio Grande do Sul, quando, em janeiro, voltei a Santa Maria para experimentar o desafio de lançar um livro que falava de dor, de injustiça, de luto, de solidariedade e de complexidades humanas? Recebi tanto amor dos pais que perderam seus filhos na boate Kiss, dos profissionais da saúde que atuaram junto às vítimas da tragédia, que acho que vou ter que viver para agradecer a oportunidade que me deram de fazer uma reflexão sobre minha história, meus sonhos e de redimensionar os compromissos que eu queria assumir com o futuro.

Foi também um ano de importantes desafios profissionais na reportagem diária da Tribuna, de trabalhos de fôlego ao lado de 12 grandes jornalistas do país sobre a infância brasileira que resultaram na publicação de um livro coordenado pela agência de comunicação Cross Content, com o apoio da Fundação Bernard van Leer. Também de oportunidade de criação para o Ministério da Educação, de encontros, palestras e participação em fóruns e feiras literárias.

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Foi o ano de conquistar novos amigos no Paraná e de rever os que havia feito, de conhecer leitores em Pernambuco, de voltar a Universidade Federal de Santa Catarina, de participar de duas bienais do livro, a de São Paulo e a de Campos, de fazer a viagem literária a convite da Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo. Um ano, afinal, sem finais de semana, porém rico de significados.

Foi o ano em que aceitei melhor minhas limitações, descobri o prazer de praticar ciclismo, que amei ainda mais meu filho e meu marido, que fortaleci minhas amizades e meus laços familiares, que me senti preenchida pela chance de continuar sendo parte da Casa do Caminho. Ano em que me reencontrei, perdi peso, me perdoei por não ter dedicado todo o tempo que gostaria para o Diego. Ano em que mergulhei no mar da Bahia e redescobri prazeres simples, como assistir ao pôr do sol na praia de Imbassaí.

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Nesta coluna de despedida, já que entro de férias em janeiro, faltou dizer obrigada a cada um de vocês que me acompanhou por todo 2018. Que a gente se reinvente a partir de agora. E que o Ano Novo seja sempre de coragem diante do desafio do recomeço. Feliz 2019!

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