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Como estão as pessoas idosas?

Pitico Fernando Priamo
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Longe de mim dar uma resposta definitiva, fechada e certeira sobre essa pergunta estampada acima: “como estão as pessoas idosas?”. A realidade da vida é muito dinâmica e qualquer hora ela pode mudar, em qualquer fase, inclusive no envelhecimento. Temos portas que ainda podem se abrir dentro da gente.

Os mais de 30 anos de trabalho social com a população idosa da cidade – uma boa parte dela – não me confere o domínio absoluto de saber como vivem as pessoas idosas em JF. O que eu posso fazer, e vou fazer, é apresentar alguns traços e algumas características de comportamentos que estão registrados em minha memória durante o exercício profissional e observações do cotidiano. Com o abastecimento de leituras temáticas sempre relacionadas com o que atendo no dia-a-dia.

A velhice que me levou para o mestrado em Serviço Social da UFJF e para a obtenção do título de especialista em Gerontologia pela SBGG – Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – foi e é a velhice das pessoas idosas pobres, principalmente a velhice dessas mulheres: pensionistas do INSS, com dedicação exclusiva para o lar, marido e filho/as. Mulheres que, agora viúvas em sua maioria, correm atrás de sua liberdade.

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Liberdade para viver o que há para viver nelas. E há muito para viver! Uma das principais observações que tenho: o envelhecimento é feminino. As mulheres vivem mais do que nós. Em qualquer lugar do mundo é assim. Como estão as mulheres idosas? Pelo que tenho de registro, algumas mulheres idosas cuidam de outras mulheres idosas. A de 80 anos cuida da de 70 anos, por exemplo. Quando ,na verdade, de fato, as duas precisam de cuidados. Mas quem vai cuidar? Quem cuida? Cadê as políticas públicas de cuidados para as mulheres idosas da cidade? Elas chegam, elas existem para as mulheres idosas que vivem nas ILPIs (Instituições de Longa Permanência Para Idosos )?

Um outro traço social que esse trabalho me mostrou foi o de que as pessoas idosas, principalmente, as que participam de alguns ótimos programas sociais públicos, carecem de mais espaços na cidade para potencializarem suas capacidades de convivência social e de expressões culturais. Há muito pouco ou quase nenhum equipamento social existente para as pessoas idosas se encontrarem nos bairros da cidade. E na zona rural? Como fazer para que as pessoas idosas que moram em outros territórios da cidade tenham os mesmos serviços (os poucos que existem) na área central? Como estão as pessoas idosas que vivem nos bairros e na zona rural?

Das outras impressões e considerações que não entraram nessa coluna, o que posso resumir é que a cidade precisa se envolver com as necessidades das pessoas idosas, essas, que destaquei aqui, pelo exercício do meu trabalho. A atenção pública da cidade é fundamental para melhorar a qualidade de vida das pessoas já idosas. A maioria delas, sendo mulheres idosas, cuida de outras pessoas idosas e não vive para si. As mulheres idosas residentes nos bairros carecem de espaços de participação social, não têm para onde ir e não têm com quem encontrar. Realidade pouco diferente das mulheres idosas que vivem na zona rural. Não têm a liberdade dos pássaros que voam pela varanda. A ação dos agentes públicos, dos vereadores e vereadoras que receberam o nosso voto tem que colocar as pessoas idosas na roda viva da cidade.

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Como estão as pessoas idosas? Elas estão vivas, embora possam parecer que não. Elas estão com “uma brasa no peito e uma flecha na alma”. Vida, vida, vida.

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