Criada para ampliar as possibilidades de formação das pessoas, a faculdade à distância surge como opção para estudantes que têm tempo reduzido ou residem em cidades com pouca oferta de cursos ou instituições.
Segundo definição do Ministério da Educação, o ensino a distância é “a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.”
Realidade nacional
A Educação a Distância (EaD) ganhou espaço no Brasil. Atualmente, são mais de 3,5 mil polos a distância e 94 tipos de cursos que podem ser feitos nessa modalidade. Com aulas telepresenciais e videoaulas, você pode fazer um curso em qualquer lugar do país. Se antes existiam estudantes que não estavam acostumados com o fato de não ter a presença de um professor para explicar o conteúdo, hoje essa mudança já é visível.
Uma pesquisa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostrou que o número de matrículas aumentou nos últimos anos. Para se ter uma ideia, em 2003 o número de matrículas em cursos EaD era de 49.911. Dez anos depois, em 2013, eram mais de 1,1 milhão de inscritos.
Um outro estudo, realizado pela Hoper Educação, identificou que, ainda neste ano, o Brasil tenha cerca de 2 milhões de alunos matriculados nesta modalidade, na rede privada.
Os números mostram que a modalidade de ensino a distância resistiu melhor à crise econômica brasileira, se comparado à educação presencial. Por isso, a previsão é de que o EAD continue a crescer, enquanto o número de matrículas presenciais no ensino privado apresente queda, de 4,3 milhões em 2015 para 3,98 em 2016.
Essa realidade exponencial não foi diferente na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Em dez anos, o número de alunos matriculados cresceu 122%, segundo a diretora do Centro de Educação a Distância (Cead), Edna Martin. Hoje, a federal conta com cerca de 4 mil estudantes matriculados nos cursos a distância de graduação, pós e aperfeiçoamento.
Democratização no ensino
A modalidade de ensino a distância permite, por exemplo, uma acessibilidade maior a uma pessoa do interior que não tem condições de se deslocar para fazer uma faculdade.
O EaD flexibiliza o horário e o local de estudos, reduzindo os fatores que inviabilizam o ingresso em instituições.
A diretora do Cead diz que “os cursos a distância democratizam o acesso ao ensino superior, pois levam a educação a regiões muitas vezes afastadas geograficamente”. Ela ainda ressalta que esse acesso garante a capacitação profissional, possibilitando que essas locais tenham cidadãos qualificados.
Já para o pró-reitor de EaD da Universidade Cruzeiro do Sul, Carlos Fernando de Araújo, a educação a distância tem um grande compromisso com as altas metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação (2014-2024) do governo federal. Afinal, essa modalidade de ensino é capaz de atingir um elevado número de pessoas.
“Com a ampliação da expectativa de vida dos brasileiros todos passaram a atuar em diversas áreas ao longo da vida profissional. A educação a distância já é e será cada vez mais uma forma importante de capacitação e formação de recursos humanos em nível de graduação, pós-graduação e cursos livres. A educação a distância será o principal vetor da formação ao longo da vida”, explica.
Destaque e qualidade
Nos últimos anos, a forma de ensino a distância tem ganhado destaque no cenário educacional do país. Segundo o MEC, a cada cinco universitários, um é aluno EaD. “Isso se deve, principalmente, às novas tecnologias, que têm proporcionado um melhor uso das ferramentas de educação e uma maior interação entre professores, tutores e alunos”, avalia Edna.
Outro fator que contribui para o crescimento da educação a distância é a qualidade do ensino. A diretora do Cead destaca que há relatos de muitos que alunos iniciam o EAD pensando ser mais fácil que a educação presencial.
Mas não é bem assim: “Possuímos garantias regimentais de que os alunos da EAD têm os mesmos direitos e deveres que os alunos dos cursos presenciais”, ressalta Edna. Ela ainda acrescenta que “se no passado os estudantes tinham dúvidas quanto à qualidade, atualmente isso não é mais um problema”.
Segundo o pró-reitor da Cruzeiro do Sul, a modalidade não gera conflito com a qualidade da educação, desde que os critérios de qualificação sejam acompanhados pela instituição. “Os resultados dos indicadores de qualidade (ENADE, CPC, IGC) indicam que os cursos de graduação a distância apresentam a mesma qualidade dos cursos presenciais”, ressalta.
Vantagens da EAD
Além da flexibilidade que o Ensino a Distância oferece, existe o baixo custo, principalmente para quem deseja fazer uma graduação em uma instituição particular.
Para se ter uma ideia, o preço de um curso de administração na modalidade presencial chega a R$ 668, enquanto na EAD o preço cai mais de 60%, o que corresponde a um valor de quase R$ 300,00.
Outra vantagem é a receptividade do mercado para os graduados a distância, que tem mostrado melhora desde 2005, quando os diplomas de alunos formados na EaD tornaram-se equivalentes aos presenciais, a opção das empresas por essa modalidade teve um forte crescimento.
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A postura que o aluno EaD adquire durante a sua graduação também torna-se um diferencial no mercado de trabalho. A independência da sala de aula e da cobrança dos professores forçam o aluno a desenvolver importantes habilidades, como a disciplina, o foco e a gestão do próprio tempo.
Como o estudante é o responsável por orientar seus estudos, ele acaba por criar um senso apurado de urgência, capacidade de organização e resolução de problemas.
A diferenciação entre os graduados em modalidade presencial e à distância ainda é uma questão subjetiva para os recrutadores. No entanto, muitos apontam que, quando identificam, as características mais evidentes nos profissionais formados pela EaD é a autossugestão e automotivação.