Após mais de 100 anos de história, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) vai aderir, pela primeira vez, ao sistema de cotas raciais e abrirá vagas para candidatos selecionados no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2018.
As informações foram divulgadas pela USP no último sábado (1º).
Das 175 oportunidades oferecidas pela instituição, 50 serão destinadas ao Enem/Sisu 2018, conforme a seguinte divisão:
– 10 reservadas a candidatos de ampla concorrência;
– 25 vagas para estudantes que concluíram ensino médio em escola pública;
– 15 para candidatos da rede pública que se autodeclararem pretos, pardos e indígenas (PPI), o que corresponde a 8,6% do total de vagas para novos alunos da instituição.
As outras 125 chances (71,4% do total) serão para o vestibular tradicional realizado, todo ano, pela Fuvest.
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Outros cursos contemplados com o sistema de cotas raciais e Enem/Sisu
As graduações em Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional também serão contempladas com vagas selecionadas pelo Sisu 2018.
No caso do curso de Fisioterapia, 22 vagas seguirão na Fuvest, e três serão destinadas a estudantes de escola pública PPI.
Já na Fonoaudiologia, das 25 oportunidades, 5 serão direcionadas ao Sisu 2018, sendo três para estudantes de escola pública, e duas para estudantes de escola pública que se autodeclararem pretos, pardos e indígenas. As outras 20 serão para a Fuvest.
A Terapia Ocupacional da USP destinará 3 das 25 vagas da graduação para o Sisu (duas para alunos de escola pública e uma para alunos de escola pública PPI).
Objetivos e metas da USP
Para a Universidade de São Paulo, a adequação ao sistema de cotas e a seleção de vagas destinadas ao Enem/Sisu 2018 são uma tentativa de acelerar o processo de inclusão na USP de estudantes oriundos de escola pública.
A meta da instituição é ter, no ano que vem, 50% dos seus calouros vindos da rede pública de ensino médio. Embora tenha batido recorde, em 2016 o percentual ficou em apenas 36,9%.
De acordo com a direção da Faculdade de Medicina da USP, mesmo adotando o sistema de cotas, a instituição continuará com as seleções de estudantes pela Fuvest, que já utiliza uma política de bônus aos candidatos de escola pública, incluindo benefício adicional a estudantes que se autodeclarem pretos, pardos e indígenas (PPI).
A USP no Enem
Há dois anos, as unidades da USP possuem autonomia para aderirem, ou não, ao Enem/Sisu. Em 2015, 85 dos 145 cursos oferecidos pela instituição direcionaram, pela primeira vez, as vagas ao Sisu de forma parcial, incluindo a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (10 oportunidades para estudantes de escolas públicas).
Depois do primeiro ano de experiência, a USP identificou um aumento de 57% de vagas para o Sisu, sem contar, até então, com a adesão da FMUSP.
No mesmo período, a quantidade de chances reservadas para a cota racial cresceu 376%.
Como funciona o Sisu?
O Sistema de Seleção Unificada (Sisu), adotado pelo governo Federal através do Ministério da Educação (MEC), reúne em uma única plataforma quase todas as vagas do ensino superior público do país, seja para faculdades ou institutos tecnológicos.
Este processo seletivo é realizado duas vezes por ano, sempre no início dos semestres letivos. Em cada edição, o Sisu oferece ao candidato duas opções de cursos existentes nas universidades participantes do Sistema.
A seleção é realizada com base na nota do Enem e de acordo com o número de vagas disponíveis nos cursos escolhidos por cada candidato.
Se o estudante for selecionado, ele deve procurar a instituição, na qual foi aprovado, para realizar a matrícula. Caso contrário, o aluno pode participar de uma lista de espera do Sistema.
Quem pode participar do Sisu
Os estudantes que fizeram o Enem em edição anterior e não zeraram a prova de redação podem participar do Sisu dos dois semestres letivos.