EXTEROGESTAÇÃO: Não perca seu tempo em criar rotinas para o seu bebê

Por Jeanne Carvalho

 

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Você acabou de ter seu bebê e acha que vai ser super fácil colocá-lo numa rotina perfeita de amamentação, banho, sono e que tudo vai ficar em paz né ?! Pois bem, não é isso que vai acontecer e para você não se frustrar ainda mais você precisa conhecer mais sobre a EXTEROGESTAÇÃO.

O termo exterogestação baseado no prefixo extero- que significa “fora” ou “externo”,  é utilizado para descrever um período gestacional realizado fora do útero, após o parto do bebê.

O bebê nasce absolutamente dependente. São os mais frágeis dos mamíferos ao nascer.  Por um período, depois do parto e enquanto se desenvolve, ainda precisa ter mais apoio. É preciso entender que o bebê não nasce condicionado aos hábitos dos adultos. No útero, ele recebe alimento constantemente pelo cordão umbilical, em livre oferta. Ao nascer, está programado para satisfazer a fome quando deseja e não de três em três horas, por exemplo. É importante que essa adaptação – e muitas outras pelas quais ele precisa passar – seja feita aos poucos, por isso a  recomendação é que o recém-nascido durma no quarto dos pais nos três primeiros meses, inclusive usufruindo de cama compartilhada.

Nessa fase, os pais devem tentar recriar o ambiente uterino fora do corpo da mulher para aumentar o conforto da criança. Pelos três primeiros meses de vida, se faz preciso compreender as necessidades que temos de ao menos tentar propiciar esse ambiente para que o bebê possa se sentir acolhido e seguro para se desenvolver plenamente.

Reproduzindo  essas condições na medida certa, pode fazer da adaptação dos bebês ao mundo mais tranquila. Tanto para os pais, quanto para o próprio bebê.

Exterogestação na prática:

  1. Tirando o incômodo da gravidade

Dentro do útero não existe gravidade. Dentro da mãe, o peso das coisas, literalmente, não existe. Nem o peso do nosso próprio corpo. Por isso, no ambiente intrauterino nenhum lado do corpo do bebê recebe todo o peso dele, ele simplesmente flutua. Dessa forma, o bebê poderá chorar mais ou ficar ainda mais nervoso quando colocado de costas. Sendo assim, quando estiver em um momento que precisar acalmar seu bebê, tente segurá-lo de lado ou de bruços. Mas lembre-se: A OMS (Organização Mundial de Saúde) não recomenda, por risco de morte súbita, que o bebê seja colocado para dormir na cama de lado ou de bruços, e sim de barriga para cima. Por isso, essa técnica deve ser usada apenas quando o bebê estiver no colo.

  1. Alimentação em livre demanda e sucção não nutritiva

Dentro da barriga, geralmente, as mãos do bebê ficavam perto do rosto, facilitando que ele sugasse seu próprio dedinho. Além disso, ele era alimentado em livre demanda.  Portanto, praticar a amamentação em livre demanda faz bem para o bebê, porque além de suprir suas necessidades nutricionais adequadamente, ele é confortado pelo contato com a mãe. E mesmo que os bebês não estejam se alimentando durante a mamada, não é prejudicial deixá-los sugando o peito: isso é sinônimo de conforto, aconchego e vínculo.

  1. Balanço, colo e sling

Colo não estraga o bebê, pelo contrário, ele ajuda a amenizar desconfortos naturais desses três primeiros meses de vida. Acolher seu bebê não o fará mal, então não hesite em dançar – aposte em colocá-lo em um sling  – e balançar… Dê tapinhas leves e rítmicos no bumbum do seu pequenino. Balance junto com ele em uma cadeira de balanço, caminhando com ele no colo ou no sling. Redes ou berços que balançam também podem ser muito benéficos.

  1. Sons e canções – Ruído branco Os sons vindo do útero da mãe configuram a melodia mais ressoada pelas mães de bebês pequenos: “shhh shhh”.Usem e abusem de sons de ruído branco: barulho de secador, chuveiro, ruído do motor, não é à toa que quando colocamos o bebe conforto e saímos de carro ele logo dorme. O carro é um ótimo “calmante de bebês”. O balanço do carro juntamente com o barulho do motor contribuem para o adormecimento dos bebês. O “shhhhh” deve durar aproximadamente 30 segundos e ser feito toda vez que você sentir necessidade de acalmar o bebê.
  1. Faça um pacotinho com seu bebê

No útero, o bebê está o tempo todo sob o toque. Além disso, dentro da barriga, é como se ele estivesse embrulhadinho. Por isso, quando não der para ficar com seu bebê no colo, experimente fazer um casulinho utilizando uma manta. Certamente ele se sentirá acolhido e ficará mais calmo. Um bebê nunca pode ser colocado para dormir sozinho próximo a um pano solto. Mas lembre-se, certifique-se que o cueiro ou a manta estejam  bem presos. Além disso, é importante que ele fique dentro desse “charutinho” pontualmente. Desfaça a amarração periodicamente para que ele possa se espreguiçar e entrar em contato com seu próprio corpo.

  1. As “cólicas” e o choro 

Sempre acolha o choro do seu bebê. Isso significa que não é aconselhado deixá-lo chorar por muito tempo nesses primeiros meses de vida. Nesta etapa, o choro sempre significa algo. Isso porque nos três primeiros meses, os bebês não são capazes de chorar com o fim de “manipular” ou sequer fazem manha. O choro sempre é a representação de uma necessidade, seja ela de alimento, afeto ou aconchego. As chamadas “cólicas” muitas vezes podem estar associadas a desconfortos gerais. Por isso, aposte no aconchego e colo.

  1. O banho e o sono

Bolsinhas quentes são muito eficazes para aliviar os incômodos da vida fora do útero. Prefira aquelas de tecido que são aquecidas no microondas ou à ferro de passar, elas não apresentam o risco do líquido ser derramado e podem ser colocados próximo ao bebe trazendo mais conforto.

Faça regularmente banhos de balde no seu bebê. Eles “imitam” o ambiente intrauterino e são ótimos calmantes. Além disso, assegure que seu bebê tirará as sonecas necessárias para descansar. Isso fará com que ele se mantenha calmo. Os bebês até 3 meses dormem muito. Caso o cansaço se acumule para a noite, acontecerá uma espécie de “efeito vulcão”, um ciclo onde o bebê fica ainda mais irritado, consequentemente, não conseguirá adormecer quando mais precisa, ficando choroso e muito, mas muito, nervoso.

EXTEROGESTAÇÃO  favorece uma criação com mais apego. Não é exatamente recriar o útero fora do corpo, mas tentar uma transição e manter alguns cuidados que ele tinha na gestação sem um corte abrupto, o que prejudica a segurança e a confiança.

Portanto, esqueça rotina até os 3 meses. Quem estabelece o que precisa é o bebê.

Os principais envolvidos no processo da exterogestação são a mãe e o bebê. O mais importante para tornar a transição mais tranquila tanto para um quanto para o outro é o contato entre eles. Ambos precisam estar próximos e aproveitar o tempo juntos para se conhecer. Enquanto o recém-nascido se familiariza com a voz, o colo e o cheiro da mãe, ela entende quantas horas ele precisa dormir por dia, quantas vezes faz cocô, a que horas precisa mamar etc.

Embora exija um pouco mais de paciência dos pais, é essencial respeitar o ritmo do bebê sem impor regras. Ele vai se adaptar ao novo mundo, mas dentro do seu próprio tempo e de acordo com as suas necessidades.

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Fontes: leiturinha; mais abraços

Jeanne Carvalho

Jeanne Carvalho

Fisioterapeuta, acupunturista. Saúde da mulher e assistência humanizada ao nascimento. Cuidados do pré-natal ao pós-parto. Siga meu instagram.

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