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Merenda escolar: comer bem não é sinônimo de comer muito

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Preocupada com a alimentação das crianças na escola, a família pode incorrer no risco de encher a lancheira e repreender os pequenos quando eles não comem todos os alimentos. Segundo a pediatra Denise Lellis, o comportamento pode expressar cuidado, porque “os pais têm muito medo de que seus filhos passem fome”, mas é preciso ponderar.

“Não aceitar o lanche todo pode ser normal para a maioria das crianças. Quem come demais no lanche pode ter problemas de aceitação das grandes refeições ou até excesso de peso”, explica a especialista, que é membro do departamento de Obesidade Infantil da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica.

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Quando a criança não quer o lanche, a médica orienta que não se deve forçar. “Quando os pais percebem que a criança aceita mais um tipo de lanche e não aceita outros, eles tendem a repetir a lancheira, mas isso dificulta que as crianças se adaptem a novos alimentos”, avalia.

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Geralmente, os itens mais aceitos são ricos em sal, açúcar e gordura, que podem estar associados à obesidade infantil no futuro. “Às vezes, o lanche simplesmente não é necessário. Algumas crianças ficam muito bem comendo três vezes ao dia. Algumas escolas e famílias chegam a oferecer seis até sete refeições por dia, contando com os lanches”, alerta Denise.

Lancheira saudável

Nesse ponto, entra o desafio da alimentação saudável na infância. Nos supermercados, há diversas opções práticas, mas que, normalmente, têm baixo ou nenhum valor nutricional. A pediatra defende que as opções de lancheira saudável não precisam ser complicadas, basta que sejam possíveis e com quantidades pequenas para evitar que a criança chegue sem fome à refeição principal.

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Segundo a médica, a composição da lancheira deve ser equilibrada e composta por um carboidrato, uma proteína (de origem animal ou vegetal) e uma fruta. Caso a família opte por enviar líquidos, a preferência deve ser por água ou água de coco.

“As opções feitas em casa são sempre as melhores, mas quando não for viável, prefira os alimentos processados com o menor número possível de ingredientes. Por exemplo: existem iogurtes com até cinco ingredientes e outros com apenas dois ingredientes (leite e fermento) e ambos conterão as palavras ‘iogurte natural’ na embalagem. Isso serve para biscoitos, bolachas e qualquer outro alimento que não seja in natura”, aconselha a pediatra.

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O papel das escolas na alimentação das crianças

Denise aponta a importância das escolas no desenvolvimento de hábitos saudáveis nas crianças. “Estilo de vida é a matéria mais importante que existe, porque vai impactar o futuro das crianças mais do que qualquer outra matéria da vida escolar. Alimentos ricos em sódio, açúcar e gorduras saturadas devem ser abolidos do ambiente escolar, não só para reduzir o consumo, mas para não introduzir esses alimentos na vida das crianças que ainda não os consomem”, diz.

De fato, a escola pode cumprir um papel de destaque nesse quesito. Uma pesquisa brasileira investigou a dependência alimentar em crianças com excesso de peso e de baixa renda em duas instituições públicas da capital paulista. Os pesquisadores também promoveram intervenções nesses espaços, seis meses em uma e 16 meses em outra, com atividades de aconselhamento psicológico, oficinas de nutrição e atividades físicas supervisionadas.

“A escola em que ficamos menos tempo, mas onde a direção acolheu o projeto de fato e quis mudar, teve o consumo de ultraprocessados reduzido significativamente. Na outra, os resultados não foram tão positivos”, explicou a doutora em nutrição Andrea Filgueiras, pesquisadora do departamento de Fisiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e uma das investigadoras do estudo.

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Dessa forma, o espaço educacional poderia iniciar ou dar continuidade a práticas saudáveis que, às vezes, os pais não conseguem cumprir no dia a dia. Mas é preciso haver um alinhamento entre esses dois ambientes para que a criança tenha sempre boas opções à disposição.

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