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Parto normal ou cesárea? Entenda as condições necessárias para cada um

parto normal
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Ter um parto normal sempre foi o desejo de Ana Clara Matsuguma, de 22 anos, desde que descobriu que estava grávida. Em nenhum momento, até as últimas semanas da gravidez, ela considerou dar à luz Sofia por meio de uma cesárea, uma vez que ambas estavam saudáveis. Porém, algumas condições a fizeram optar pela cirurgia.

“Quando completou 39 semanas, minha filha não tinha virado, não estava encaixada, não tinha o que era preciso para ter um parto normal”, conta a estudante de jornalismo. O médico dela deu as opções: induzir ao parto normal, mas sem certeza de sucesso, esperar até 41 semanas ou fazer cesárea.

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Ana Clara decidiu esperar só até 40 semanas, porque seu estado físico e emocional já estava muito abalado. “No começo e no final da gravidez, eu passava muito mal, vomitava muito e não conseguia dormir. Tinha muitas dores nas costas e não via a hora de ela nascer”, lembra.

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A cesariana foi marcada um dia depois de Sofia completar 40 semanas de gestação – e ela ainda não estava na posição cefálica, com a cabeça para baixo. Além disso, o cordão umbilical estava enrolado no pescoço da menina.

O ginecologista e obstetra Alberto Guimarães, criador do programa Parto Sem Medo e autor do livro de mesmo nome, afirma que, a princípio, toda gestação, em qualquer mulher, pode evoluir para o parto normal. “O trabalho de parto é acompanhado (por equipe médica) e, caso haja alguma alteração importante, principalmente de comprometimento da vitalidade fetal ou das condições clínicas (da mãe), muda-se a via (de parto)”, diz o médico.

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Guimarães afirma que é essencial conversar com a mulher sobre os possíveis riscos do parto normal e dizer que “a possibilidade de dar tudo certo é muito grande”. Para que tudo ocorra bem, a gestante também precisa fazer sua parte: cuidar da própria saúde e do bebê.

A professora Heidi Lambauer Buchmann, de 36 anos, teve Benjamin em janeiro deste ano por parto normal. Ela e o bebê tinham todas as condições necessárias para isso, mas ela afirma que teve de lutar para ter seus direitos respeitados.

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“Minha médica não se colocou muito a favor, falava que íamos ver quando chegasse perto. Mas eu queria garantir que estava pronta”, conta. Heidi fez plano de parto e optou por dar à luz de forma humanizada e com analgesia. Em suas buscas por hospitais, muitos deles com altas taxas de cesáreas, ela se sentiu mais confortável na Pro Matre Paulista, que oferece um centro de parto com banheira e aparelhos para a mulher se movimentar durante o trabalho de parto.

Quando a cesárea é necessária?

Algumas situações dificultam o parto normal e podem colocar mãe e bebê em risco. Uma delas é quando a placenta está em cima do colo do útero, chamada de placenta prévia. Além de impedir a passagem do bebê, corre-se o risco de hemorragia durante o parto vaginal. Outro fator apontado por Guimarães é a posição transversa da criança, ou seja, quando ela está na horizontal dentro da barriga.

A posição transversa é diferente de quando o bebê está pélvico, com os pés para baixo. “No transverso, é mais difícil fazer manobras. No pélvico, ainda existe possibilidade de fazer versão externa. Mas 95% dos bebês, no final da gestação, estão cefálicos”, diz o obstetra.

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Carolina Burgarelli, ginecologista e obstetra da Maternidade Pro Matre Paulista, acrescenta outras condições. “Quando a paciente está usando anticoagulante oral ou tem aneurisma de aorta, realmente tem indicação de parto cesárea. Da parte obstétrica, são poucas as indicações. Geralmente, para quem tem cicatriz uterina anterior (se tirou algum mioma, por exemplo, porque pode romper no trabalho de parto vaginal) e duas ou mais cesáreas anteriores”, cita. Em relação ao bebê, má formação fetal também é indicativo da cirurgia.

Carolina afirma que, em alguns casos, a cesárea pode ser considerada, mas é preciso uma avaliação individual. “Bebês que se aproximam de quatro quilos perto das 39 semanas é contraindicação relativa de parto vaginal”, diz. “Mas se a mulher entra em trabalho de parto e evolui, tudo bem”.

Nesses casos, é preciso avaliar as condições da mãe também, como peso e formação óssea, uma vez que um bebê maior do que o esperado pode dificultar a saída. Assim, a cesárea seria o mais indicado.

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Outra recomendação relativa da cirurgia é no caso de bebê pélvico. “Na primeira gestação, em geral, indica, mas depende do peso fetal, da bacia (pelve) da mãe”, afirma a médica. “O importante é a paciente ter um panorama do que está acontecendo com ela e com o bebê. Assim, fica mais fácil tomar decisão junto com equipe médica.”

Quando o parto normal vira cesárea

A apresentadora Sabrina Sato contou que após 20 horas de trabalho de parto, Zoe nasceu por meio de uma cesárea. Não se sabe o motivo para que isso tenha ocorrido, mas Guimarães explica algumas condições em que é necessário mudar a via de parto.

“Se houver variação no batimento cardíaco fetal na contração, que de 130 começa a cair para 70, 80, pode significar baixa de oxigênio e, por vezes, precisa mudar”, diz. Há casos também em que a dilatação ocorre, mas a cabeça do bebê não se encaixa ou o diâmetro é maior do que a via de passagem, algo que só é detectado no trabalho de parto.

O obstetra observa que um trabalho de parto pode durar de 12 horas a 18 horas. A questão da dilatação do colo do útero é que, no começo das contrações, ela ocorre vagarosamente. “Para o bebê nascer, precisa ter dez centímetros de dilatação, mas muitas vezes demora de oito a dez horas para chegar em seis centímetros Depois disso, a dilatação é mais rápida”, diz o médico.

Os médicos são unânimes em afirmar que o parto normal, a princípio, é muito mais saudável para mãe e bebê. A autonomia da mulher no parto normal é o primeiro diferencial. Aqui, ela se levanta e segue com a rotina mais precocemente, enquanto na cesárea há uma recuperação cirúrgica, sem contar a parte anestésica. Além disso, a cirurgia deixa cicatriz, que pode levar até dois meses para completar a cicatrização.

No vaginal, o risco de sangramento e infecção também diminui muito. No entanto, os médicos alertam que, quando a cesárea é necessária, o parto normal pode ser mais arriscado. Ana Clara afirma que teve uma boa recuperação e que sua cicatriz foi pequena. Heidi conta que no dia seguinte ao parto normal “já estava agachando, fazendo tudo normal”. Ela só sentiu incômodo devido a episiotomia (corte entre a vagina e o ânus) feita pela médica, que não faz parte do corpo clínico da Pro Matre.

Carolina Burgarelli, ginecologista do hospital, explica que a episiotomia tem indicações específicas na assistência ao trabalho de parto. “Ela é indicada nos casos em que há o diagnóstico de sofrimento fetal, quando existe a necessidade de que o nascimento ocorra em um menor espaço de tempo a fim de que sejam realizados os primeiros cuidados ao recém-nascido”, diz.

Casos em que a paciente tem períneo curto e que, no momento em que o bebê está ‘coroando’, há alto risco de lacerações, o procedimento também é recomendado. “A avaliação do períneo deve ser realizada pelo médico que acompanha a gestante nas últimas semanas de gravidez, durante o pré-natal. Porém, somente no momento do trabalho de parto é que se pode verificar a real necessidade de uma episiotomia”, pondera a médica. A medida pode e deve ser discutida entre mulher e equipe médica.

O maior benefício da cesárea é o planejamento. A mulher pode fazer a cirurgia eletiva, desde que a partir das 39 semanas de gestação. “Idealmente perto das 40. Quanto mais tempo deixar o bebê, melhor a evolução”, diz Carolina. Ana Clara que o diga: a filha dela nasceu com 3,6 quilos e muito saudável.

Quando a paciente deseja cesárea, os médicos precisam entender por que ela a deseja e tentar esclarecer. “Se for algo plausível para esclarecer, ajudar e tentar evoluir para o normal”, diz Carolina. Além disso, a anestesia é algo certo na cirurgia e o trabalho de parto é bem mais curto. O parto da estudante de jornalismo, por exemplo, durou cerca de 30 minutos.

Independente do tipo de parto, tudo deve ser devidamente conversado entre gestante e médico. Os riscos e os benefícios existem, e a via escolhida deve priorizar o bem-estar de mãe e bebê. Junto a isso, a mulher é a protagonista desse momento e quanto mais ouvida e respeitada ela for, melhor será a experiência.

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