Se você tem gato ou cachorro em casa certamente percebeu que, nesta época do ano, os pets costumam ficar mais quietos e reclusos em boa parte do dia. Calma, não há nada de errado com eles. É que durante o inverno, quando as temperaturas tendem a ficar mais baixas, os animais mudam um pouco o seu comportamento, mas veterinários recomendam atenção quanto o assunto é alimentação e hidratação do bichinho, além do surgimento de doenças e desconfortos musculares e articulares.
“No inverno, os animais podem apresentar sintomas osteoarticulares em função das baixas temperaturas, principalmente se já sofrem de artrose ou hérnia de disco, que provocam mais dores nessa época do ano. Para prevenção e controle dessas doenças, além de manter os animais aquecidos, deve-se atentar a quadros relacionados a dor, em que o animal pode ficar mais apático ou agressivo, ter diminuição significativa da alimentação, ou então ocorrência de tremores excessivos, mesmo com o animal aquecido. O bichinho pode apresentar dificuldades em se locomover, e, no caso dos gatos, o primeiro sinal é ter dificuldades em se lamber”, aponta o médico veterinário especialista em reabilitação animal, Rodrigo Martins. Nestes casos, tanto gatos quanto cachorros podem ser tratados por meio de terapias alternativas como a acupuntura, a ozônioterapia e a fisioterapia.
Se os humanos já ficam sujeitos a gripe, saiba que os cachorros também não estão livres. Conforme o veterinário, no inverno, os cães ficam mais suscetíveis a doenças virais como a cinomose, além da ocorrência de traqueobronquite, que possui sintomas que lembram o resfriado humano, como tosse, espirros, coriza, apatia e febre. “Essas doenças, quando não tratadas corretamente, podem evoluir para quadros mais graves, como infecções secundárias provocadas por bactérias, como a pneumonia. O tutor deve sempre ficar atento à vacinação periódica de seu animal (cães e gatos), e no período do inverno o ideal é que seja utilizada a imunização para prevenção da tosse dos canis (a gripe canina). O principal cuidado é evitar que eles fiquem expostos ao frio intenso, principalmente durante a noite. Os passeios devem ser realizados de dia, quando a temperatura está mais elevada”, aponta.
Com relação aos gatos, segundo a médica veterinária especializada em felinos, Márcia Soares Rezende, os cuidados precisam ser com o ressecamento dos coxins, aquelas almofadinhas das patas, que, assim como os nossos lábios, podem ficar rachados. “Hidratantes de uso veterinário são uma boa opção para mantê-los protegidos e hidratados.”
Quentinhos, mas nem tanto
Donos de gatos sabem que a temperatura corporal deles é bem mais alta que a dos seres humanos, ficando entre 38 e 39 graus. Só que mesmo sendo quentinhos, eles sentem mais frio no inverno, o que os motiva a procurar locais onde se sintam mais aquecidos. “Eles procuram ficar em camas, tocas e aparelhos elétricos, como televisores e computadores, que tendem a ser mais quentes. Com isso, é muito importante olhar se há gatos perto do motor dos carros antes de sair de casa, pois por ser um lugar bem aquecido, ocorrem muitos acidentes nessa época do ano”, recomenda a médica veterinária. Outra alternativa, segundo ela, é o uso de roupas, mas poucos gatos aceitam usar as vestimentas. Logo, deixar mantas por perto é uma boa alternativa.
O tutor deve se atentar-se quanto à pelagem do animal. No caso dos gatos, são eles que auxiliam na manutenção da temperatura corporal e, nesta época do ano, o crescimento não muda muito, segundo a veterinária, mas nota-se que eles chegam a cair menos, exatamente para cumprir essa função. Nos cães, acontece uma troca do pelo mais liso para um mais lanoso, que tende a isolar o corpo do animal à temperatura mais baixa. Animais de pelo curto tendem a ser mais sensíveis em relação a baixas temperaturas no inverno quando comparados a cães de pelos longos. Um recurso indicado para ajudar no conforto térmico, conforme Rodrigo, é o uso de roupinhas próprias. “Muitas pessoas ainda as vêem como capricho, mas são ótimas para o aquecimento da temperatura do corpo. É importante destacar que alguns pets não se adaptam a certos tipos de roupas de lã ou tecidos sintéticos, desenvolvendo manchas vermelhas e coceira por todo o corpo, nesses casos, o ideal é utilizar peças em algodão”, recomenda.
Higiene e alimentação
Os profissionais orientam manter a rotina de banhos, mesmo no frio. E, assim como em todas as épocas do ano, a temperatura da água deve ser morna. “Banhos são mais indicados para gatos que têm maior dificuldade de cuidar da sua higienização sozinhos, como felinos de pelos longos, idosos ou obesos. O banho realizado mensalmente é suficiente para manter os pelos limpos e desembolados”, indica Márcia. Os donos de cães, por sua vez, devem reduzir a frequência semanal para quinzenal. “O aconselhável é que a temperatura da água esteja um pouco mais elevada do que no verão, e o banho deve ser dado sempre em horários em que a temperatura está mais elevada, entre 11h e 15h. O processo de secagem também pode ser readaptado no inverno com o auxílio de um secador com ar morno”, recomenda Rodrigo.
A ingestão de água, em ambos os casos, também é comprometida, pois, assim como nós, os animais tendem a diminuir o consumo. “Por isso, precisamos estimular essa ingestão usando fontes, espalhando vários potes pela casa e fornecendo alimentos úmidos próprios para felinos, como patês e sachês”, recomenda Márcia. Para os cães, a indicação é semelhante. Segundo Rodrigo, deve-se espalhar vários potes de água pelo ambiente para melhor hidratação, assim como no verão. O veterinário aconselha aumentar em cerca de 10% a quantidade de alimento nesta época, pois, ao contrário do que se pensa, o gasto energético é maior nesse período. “Isso quando falamos de animais em forma, filhotes ou adultos, já que cães com problemas de peso devem continuar seguindo sua dieta de maneira habitual”. Já os gatos, por dormirem mais no frio, eles acabam comendo menos. “Alimentos úmidos, normalmente, são mais atrativos e são uma boa alternativa para manter o peso e a hidratação, aponta Márcia.