Foi assim que teve início, há dois anos, sua obsessão por encontrar uma maneira de fazer com que frutas sem valor comercial tivessem um fim digno. E a ideia resultou num aplicativo, o Comida Invisível, recém-lançado. O que ele faz? Viabiliza a doação desses alimentos a ONGs e até a pessoas físicas por meio de geolocalização.
Funciona assim: quem tem o que doar – alimentos próprios para o consumo, mas sem valor comercial (aqueles no ponto de maturação ideal para se comer em casa) – se cadastra no aplicativo e informa o que tem. São restaurantes, supermercados, bares e outros. Os interessados em receber a doação, que estão nas imediações, assinam um termo de responsabilidade – e é aí que está o pulo do gato, porque geralmente quem doa não quer assumir riscos. “Tem várias questões envolvendo doação de alimentos, uma delas é a responsabilidade civil”, diz Daniela.
A advogada mergulhou no mundo da Ceagesp. Sugeriu trabalhar de graça se pudesse ter acesso a informação. Descobriu que dos três mil boxes, apenas 150 já fizeram doações, e, pior ainda, somente 30 o fazem regularmente. “O banco de alimentos da Ceagesp (espécie de central de doações) recebe 160 toneladas de alimentos por mês. São como 16 caminhões de lixo lotados de alimentos, que servem para 29 mil pessoas. Mas, por dia, são desperdiçadas cem toneladas, ou dez caminhões”, afirma a advogada.
Após um ano, fruto de toda essa pesquisa em parceria com os sócios – o jornalista Sergio Ignácio e a publicitária Flavia Vendramin -, nasceu o Comida Invisível, que tem dois objetivos: dar um destino correto à comida boa e conscientizar contra o desperdício. Há um ano, passaram a fazer palestras, treinamentos em empresas e até um food truck em que chefs cozinharam com frutas e verduras nem tão bonitas mas perfeitamente comestíveis. O segundo passo nasce com o aplicativo, que já está disponível na Apple Store e em Android.
A ação lembra outras iniciativas vistas fora do Brasil como a Fruta Feia, cooperativa portuguesa que vende vegetais fora do padrão a bons preços, e que já chegou a supermercados europeus, que viabilizaram sistema de