Depois de viver a experiência de assistir a três jogos da Seleção Masculina em Copas na redação da Tribuna, todos com derrota – Alemanha, Holanda e Bélgica -, quem diria que a fase pé-frio iria passar com a comemoração de um gol de Marta, que classificou a Seleção Feminina à próxima fase na França e transformou nossa camisa 10 na maior de todos e todas em mundiais?
Como trabalhar sem fixar os olhos na TV? Como não vibrar com aquele pênalti bem batido e não se emocionar com tudo que Marta representa? Não só a Marta que agora também carrega o peso de uma polarização de gêneros. Não só a recordista que acumula 17 gols em mundiais. Não só a que tem gols transmitidos em mais emissoras este ano, como a Rede Globo. Mas a camisa 10 que vem balançando a rede desde 2003, que tinha lances narrados por um saudoso e lendário Luciano do Vale, da Band, que – parênteses seja aberto – foi um dos pioneiros a narrar e acreditar na modalidade na TV aberta. Que brilhava já numa época em que empoderamento feminino ainda era termo pouco conhecido.
A Marta de hoje e principalmente essa Marta que vem fazendo história há anos merece todas as reverências. Sem entrar no mérito de gênero, hoje a atacante alagoana é o que o esporte brasileiro tem de melhor. Sem precisar de comparações incomparáveis, como Marta x Pelé, Marta x Neymar, Marta versus qualquer outro atleta. Assim como não se discute se Oscar foi melhor do que Hortência, se Maurício foi melhor do que Fofão, se Maria Lenk nadou mais do que Cesar Cielo, Gustavo Borges…
Com todos os números a seu favor dentro de campo, e com toda a imagem simbólica que carrega fora dele, Marta prova sua força. É recordista, é a melhor do mundo, é ídolo. Hoje, independentemente do destino da Seleção na França, é genuinamente referência e inspiração. E foi a que me fez vibrar – uma vibração também muito genuína – na redação da Tribuna. Como meu espaço acabou, só me resta dizer: obrigada, Marta!