O último fim de semana podia ter sido marcado pelo histórico título masculino no revezamento 4×100 em Yokohama, no Japão, conquistado por Rodrigo do Nascimento, Jorge Vides, Derick Silva e Paulo André Camilo de Oliveira. E da emocionante torcida das atletas brasileiras que aguardavam pela chegada histórica do quarteto verde-amarelo.
Mas não. Em meio à felicidade pela conquista no atletismo, o futebol – novamente – prevaleceu. E da pior forma. No Dia das Mães, Sidão, o goleiro vascaíno que carregava o nome da sua genitora nas costas de sua camisa, em uma tarde pouco inspirada, com falhas graves que resultaram em gols santistas no Pacaembu, recebeu um irônico troféu de melhor jogador da partida. Através de uma votação popular na internet, o defensor cruz-maltino foi alvo de uma “zoeira” na web, que, como os internautas frisam, “não tem limites”.
Falta de limites que, para uma mulherzinha de coração mole como eu, também soa como falta de empatia. Empatia daquelas que a gente não só se coloca no lugar do outro, como tenta imaginar o sentimento vivido naquele momento. Para nós, pode ter doído, incomodado, constrangido. Mas a vida seguiu, hoje é quinta-feira e, diante de outros acontecimentos, o episódio talvez tenha caído no nosso esquecimento. Para Sidão, não. Pode ser que a aquela votação ecoe por muito tempo, dentro e fora de campo.
Mais importante do que tentar descobrir quem errou mais na votação, se os internautas ou se a emissora, é perceber no quanto um atleta pode estar vulnerável, no quanto seu trabalho se torna mais entretenimento a cada dia, com interações digitais tão agressivas. Que Sidão tenha forças para superar a brincadeira de mau gosto. Que faça baita jogos com a camisa cruz-maltina. Que consiga tirar o Vasco da zona de degola. Que volte a homenagear a mãe outras vezes.
E que a internet pipoque menos com votações desumanas. E talvez com mais com virais tal como o das atletas brasileiras torcendo pelos companheiros de seleção no revezamento 4×100.