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A esperança venceu o medo

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O ano era 2011. Lembro perfeitamente quando cheguei à agência onde estagiava e senti a empolgação da equipe na produção de banners que seriam espalhados no Campus UFJF, após a classificação do então Vôlei UFJF para a elite do voleibol nacional. Dias depois, enviei um e-mail a Maurício Bara, técnico naquela época, convidando-o para uma entrevista ao meu modesto blog. Com toda atenção dispensada a uma jovem estudante, durante mais de uma hora, ouvi respostas para todas as minhas perguntas ali no Ginásio da Faefid – até que o time de Montes Claros, que estava na cidade para o Mineiro, chegou e deixamos o espaço para que os visitantes pudessem treinar.

Não só a vaga para a Superliga chamava a atenção, como todo o contexto. Um time formado dentro de uma universidade – pública -, o que é raro no país. Com a mescla de esporte de alto rendimento e ensino acadêmico em um mesmo projeto. Em uma cidade conhecida nacionalmente mais por nomes individuais como Giovane Gávio, Márcia Fu e André Nascimento. Como graduanda, era uma baita experiência entrevistar estrelas como Bruninho, Gustavo, André Heller, além dos jogadores que defenderam a camisa da cidade, como Manius, Renan Buiatti e cia.

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Dez anos se passaram e o agora denominado JF Vôlei garantiu o retorno à principal divisão da modalidade no país. Condição pleiteada por três temporadas seguidas. Nos bastidores falava-se da chance de classificação às semifinais, mas longe de se pensar em 11 vitórias em 11 jogos e vaga garantida de forma incontestável à decisão. O modesto investimento, já comum na realidade do grupo juiz-forano, permitiu a montagem de um elenco pouco conhecido.

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Jogadores e dirigentes comemoraram muito o resultado da última terça (Foto: Douglas Magno/Divulgação JF Vôlei)

Diante de um cenário de pandemia, as portas da UFJF se fecharam, e o ginásio da Faefid não pôde ser usado. O bom relacionamento com o Sada Cruzeiro deu, então, a oportunidade de chamar Contagem como “casa”. Por ironia do destino, os cruzeirenses, de forma inédita, foram eliminados nas oitavas na liga A. E os juiz-foranos iam avançando na B.

Quando vários estados acirravam o cerco contra o coronavírus, a CBV optou por dar andamento às semifinais. Diferentemente das competições do vôlei de praia e da fase decisiva da liga A, disputadas na sede da entidade em Saquarema, coube aos times da disputa B viverem numa bolha à parte. Em JF, nem mesmo a classificação entre os quatro melhores sensibilizou as autoridades políticas, firmes em seus rígidos protocolos que impediam os treinos no município.

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Um roteiro daqueles bem sofridos e de muita superação, como acostumamos a ver nas telas. E das telas do meu notebook vi esse filme de dez anos se passar. Das dez temporadas de Superliga, entre A e B. Daqueles banners na UFJF. Respeitadas as devidas proporções entre vôlei e futebol, o que seria de JF ter um time por dez anos, ao menos na Série B?

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Sem entrar no viés político da frase “a esperança venceu o medo”, aproprio-me dela para terminar este texto. Afinal, tudo de mais medonho foi vencido pelo JF Vôlei na temporada. E o retorno é a recompensa para todos que acreditaram que esse dia chegaria.

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