De acordo com uma pesquisa virtual realizada entre os últimos dias de fevereiro e os primeiros deste mês, feita pela Hibou, empresa especializada em pesquisa e monitoramento de mercado e consumo, cerca de 80% das brasileiras entrevistadas consideraram que o Dia Internacional da Mulher ajuda a dar visibilidade à luta pela igualdade de gênero. Visibilidade de mulheres que dia a dia buscam ampliar espaços também no esporte, segmento ainda muito concentrado no público masculino.
O 8 de março, portanto, é importante para voltarmos no tempo e ver que algumas conquistas ainda são muito recentes. Kathrine Switzer, primeira mulher a correr – oficialmente e sob agressões – uma maratona, só conseguiu tal feito, em 1967. Portanto, há pouco mais de 50 anos, em uma modalidade que, de acordo com a História, precede a Cristo. Ainda mais recente, em 1984, os 42,195 km se tornaram possíveis para o público feminino como esporte olímpico. Desta data, Gabrielle Andersen tem sua superação à parte.
Na mesma década em que Isabela Scalabrini se tornava uma das primeiras repórteres a trabalhar com esporte no Brasil. Espaço hoje ainda cercado de machismos, mas que, aos poucos, foi se abrindo para outras profissionais. Como para Renata Silveira, narradora escalada para comandar a partida entre Moto Club e Botafogo, na noite de ontem, pela TV Globo. E para Edina Alves Batista que, além de arbitrar na Sul-Americana em 2020, foi a primeira mulher a apitar o clássico entre Corinthians e Palmeiras na semana passada, pelo Paulistão. Ao lado da auxiliar Neuza Back, Edina também fez história ao comandar uma partida masculina profissional da Fifa, no Mundial de Clubes no Catar – feito inédito.
Na redação da Tribuna tive o privilégio de conviver por quase seis anos com Regina Campos, primeira mulher a fazer reportagem de campo em Minas e, consequentemente, no Mineirão, em 1986. Daquele tempo, Regininha sempre tem ótimas histórias para nos contar.
E notório ver a abertura de oportunidades e de mercado para o público feminino. Mas, a partir do momento em que uma data ainda é tão reforçada, algo leva a crer que muito ainda há de ser feito. Aos poucos, reduzindo o discurso sexista, de que esporte não é coisa para mulher, os caminhos vão se abrindo. E outras Kathrines, Gabrielles, Isabelas, Edinas e Reginas vão aparecendo.
Bom para todos, sem distinção de gênero.