Desde 1999, ano do primeiro Pan do qual me recordo, tenho verdadeira paixão por esta competição. Em Lima, mesmo que minhas férias tenham me afastado um pouco do noticiário, inclusive o esportivo, não está sendo diferente.
Para uma menina que sempre tentou reproduzir algumas das modalidades vistas pela TV, saltando em monte de areia no quintal de casa, jogando vôlei na parede e depois no colégio, percorrendo circuitos imaginários de bicicleta na casa da avó, etc, imaginar-se com uma medalha no peito não é tarefa difícil.
E cinco, do total das 90 obtidas pelo Brasil até a tarde desta quarta-feira, merecem destaque especial: o bronze de Thiagus Petrus, no handebol, que passou pela Escola Estadual Patrus de Sousa; o bronze de Felipe Roque, cria do Bom Pastor/JF Vôlei; a prata e o bronze de Larissa Oliveira, com passagem pelas piscinas do Bom Pastor; além do ouro de Bia Ferreira, baiana radicada há mais de uma década em Juiz de Fora, dona do primeiro ouro do boxe feminino no Brasil em toda a história pan-americana.
Há alguns meses, recebi algumas críticas, contestando o que escrevi na coluna que levou o nome “Está difícil torcer para o esporte de Juiz de Fora”. Mesmo com essas medalhas, continuo acreditando que o momento esportivo na cidade, sobretudo em competições coletivas, não é bom. Mas a boa colocação do trio local em Lima, cidade que ainda receberá a nadadora Larissa Oliveira, o mesatenista Alexandre Ank e o nadador Gabriel Araújo, estes dois últimos no Parapan, todos com vínculo local, traz ânimo e uma melhora na autoestima juiz-forana.
Até a tarde desta quarta, se o município fosse um país americano, estaria em torno da 17ª colocação no quadro geral de medalhas, em um total de 41 países, à frente de nações como Bolívia, Paraguai, Uruguai, Costa Rica, Panamá… Situação que pode fazer com que meninos e meninas que, vendo as competições na TV, sejam estimulados a praticar esportes, a buscarem escolinhas para se aperfeiçoarem, a serem educados através das modalidades e do convívio com colegas de equipe, adversários, treinadores, a sonharem com novas perspectivas, tal como sonharam Thiagus Petrus, Felipe Roque e Bia. E, no mínimo, tal como quem vos escreve, que não se tornou uma atleta, mas que foi, de certa forma, transformada por ele, ter uma noção do que é ser medalhista em um evento da magnitude dos Jogos Pan-Americanos.