Decreto publicado pela Prefeitura do Rio de Janeiro na semana passada retirou a restrição de público em estádios e ginásios cariocas. Situação semelhante ao que passou a vigorar, a partir da segunda-feira (1º de novembro), em São Paulo. Ontem, Atlético-MG e Grêmio também poderiam receber 100% de público no Mineirão.
Bem verdade afirmar que, com menor limitação nas bilheterias, o futebol respirou. A imagem da barulhenta torcida do Atlético-PR em duelo com o Fla pela Copa do Brasil, lá na Arena da Baixada, com a famosa caveira da TOF (Torcida Organizada ‘Os Fanáticos’), é das mais bonitas dos últimos dias.
Neste período pandêmico, ficou nítido que esporte sem torcida até existe, mas, definitivamente, não é a mesma coisa. O calor humano muda totalmente o clima.
Se disso não há dúvida, a questão é se a liberação de 100% de público chega em um bom momento sanitário. Na reta final da temporada, por tanto tempo sem essa receita, é certo de que os clubes vão aproveitar ao máximo a chance de recuperar parte do faturamento perdido. Necessário, até.
Não há questionamentos também quanto à máxima do “vai quem quer”. Afinal, ninguém é obrigado a frequentar o ambiente – a não ser os que estão a trabalho. No entanto, a despeito dessa decisão, o mal do coronavírus é justamente esse: não escolher a quem contaminar. Pode ser o cara que vai dividir o metrô lotado com você, a tia que vende a cerveja do lado de fora do estádio, os policiais em serviço ou algum familiar que ficou em casa – que pode nem curtir futebol. E, sejamos honestos, quem, ali no calor de uma disputa, não levanta, se movimenta, grita, abraça e interage – mesmo que indiretamente – com o torcedor ao lado?
Se os apaixonados pelo Furacão brilharam na Copa do Brasil, e de novo na terça, em duelo com o Rubro-Negro carioca pelo Brasileirão, fazendo-nos até tentar acreditar que haverá cuidado por parte dos torcedores quanto ao controle da Covid-19, gremistas lá em Porto Alegre provaram que não – se até o VAR foi vergonhosamente desrespeitado frente à dezenas de câmeras, qual a preocupação deles com o vírus?
Cem por cento de torcida cairá muito bem nos estádios brasileiros, ainda mais em reta final de campeonatos? Sim! Mas seria mesmo o momento?