A atenção aos cuidados de rotina é a melhor forma de garantir a saúde da mulher, conforme orientam autoridades do setor. Para a prevenção e o controle do câncer do colo do útero, uma das doenças que mais atinge a população feminina, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda uma abordagem multidisciplinar e integral por toda a vida, sendo a vacinação a principal estratégia.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima 17 mil novos casos por ano da doença no Brasil, no triênio 2023-2025, sendo o tumor ginecológico mais frequente na população brasileira. No ano passado, com o Movimento Nacional pela Vacinação na Comunidade Escolar, promovido pelos ministérios da Saúde e da Educação, houve um aumento de 42% na imunização contra o HPV, vírus causador da doença.
A vacina para câncer de colo do útero também contribui para a redução das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) associadas ao vírus. A imunização é disponibilizada no SUS para adolescentes de 9 a 14 anos; vítimas de abuso sexual; pessoas com HIV; transplantados de órgãos sólidos e medula óssea; e pacientes oncológicos de 9 e 45 anos.
Além da vacinação, há cuidados que devem ser incorporados na rotina do dia a dia. A higiene íntima correta é essencial para evitar infecções, queixas comuns entre as mulheres.
A Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) aponta que cerca de 75% das mulheres já apresentaram sintomas como corrimento, irritação e ardor, geralmente causados por micro-organismos. A presidente da Comissão de Trato Genital Inferior da Febrasgo, Adriana Campaner, explica que existem medidas simples que podem ser adotadas para uma higiene adequada. “Após evacuar, é aconselhável lavar a região ou utilizar lenços umedecidos neutros, como aqueles próprios para bebês,” indica a médica.
Campaner também reforça a importância de evitar sabonetes muito perfumados, que podem irritar a região e causar alergias, coceira e lesões na pele. A recomendação é utilizar produtos específicos para a higiene íntima.
As mulheres também devem cuidar da saúde por meio da realização de exames ginecológicos de rotina, da escolha adequada de métodos anticoncepcionais, do autoexame mamário e do uso regular de preservativos para evitar ISTs, como orienta o Ministério da Saúde.
Doenças ginecológicas mais comuns
De acordo com o Instituto de Saúde da Mulher (ISM), a candidíase e a infecção urinária estão entre as doenças ginecológicas mais comuns e podem ser prevenidas. A primeira pode ocorrer em fases de baixa imunidade do organismo, durante uso de antibióticos, anticoncepcionais, corticóides, em mulheres diabéticas e nas portadoras de HPV, conforme explica o ISM.
A prevenção consiste em evitar que os fungos que vivem no organismo cresçam, manter a saúde em boas condições, glicose controlada, evitar roupas apertadas e uso de absorventes internos constantemente.
Já para evitar a infecção urinária, a recomendação é beber água, não segurar urina por longo período, manter a higiene e evitar roupas muito apertadas. Predominante no público feminino, o problema pode acometer cerca de 50% das mulheres com vida sexual ativa entre 20 e 40 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo (SBU-SP). Além disso, a recorrência das infecções ocorre a cada seis meses após o primeiro episódio em até 30% das mulheres.
Formas de prevenção do câncer de mama
De acordo com o Inca, a prevenção do câncer de mama, segundo tipo de tumor que mais atinge mulheres no Brasil, é feita por meio da rotina regular do autoexame e da mamografia. As avaliações também permitem detectar a doença em estágio inicial, o que aumentam as chances de cura e a qualidade de vida durante o tratamento.
Também são recomendados o controle dos fatores de risco e as práticas consideradas protetoras, o que inclui controlar o peso corporal, fazer atividade física regularmente, evitar ou reduzir o consumo de álcool, conforme explica o IMS. A amamentação também ajuda a prevenir esse tipo de câncer.