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Sempre dois lados

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Renato Gaúcho como jogador foi craque. Jogou muito por onde passou. Empilhou títulos. Campeão intercontinental, da Libertadores, brasileiro. Ganhou quase tudo. Só foi um tanto injustiçado na seleção brasileira. Merecia mais história com a camisa amarelinha. Como treinador, é pior do que acreditam os seus defensores mais ferrenhos. Mas também é melhor do que dizem os seus detratores. Tanto que acumula conquistas como a Copa do Brasil, a Libertadores, e a Recopa Sul-Americana, além de taças estaduais. Um currículo para poucos.

 

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Como tudo na vida, porém, o histórico de atleta e de técnico de Renato tem dois lados. Foi um grande jogador de clube no futebol brasileiro. Mas teve uma trajetória de pouco brilho na seleção e no futebol europeu. Como treinador, foi campeão da Libertadores com o Grêmio, mas perdeu uma final com o Fluminense em pleno Maracanã, após dizer que, se vencesse a competição continental, ia “brincar” no Brasileiro.

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Mais recentemente, Renato também experimentou os dois lados de uma mesma moeda em sua passagem recente como treinador pelo Flamengo. Chegou nos braços da galera e foi louvado após uma boa sequência no começo. Em seus primeiros 16 jogos, por exemplo, venceu 14, empatou um e perdeu outro. Chegou a ser incensado como o técnico com o melhor início de trabalho da história do clube. Foi aos céus, mas, como nenhuma paz é eterna, vieram os tropeços.

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Uma sequência de jogos ruins e resultados negativos culminou na derrota e na eliminação para o Athletico-PR nas semifinais da Copa do Brasil. Três a zero para o Furacão. Derrota doída. Como nos tempos de vacas magras, a torcida, que via incrédula o tropeço no Maracanã, vaiou a apresentação da equipe já no fim do primeiro tempo. No segundo, Renato ouviu xingamentos uníssonos. Também escutou a torcida clamar pelo retorno de Jorge Jesus. A manifestação do “Mister” por parte dos flamenguistas tem sido ecoada com recorrência como um mantra religioso.

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Se, ao menos momentaneamente, o amor parece ter acabado, Renato Gaúcho não se fez de poliana. Tão logo a torcida botou sua cabeça à prêmio, pediu o boné. Colocou o cargo à disposição, alternativa inicialmente negada pela diretoria rubro-negra. Polêmico, Renato mostrou personalidade mais uma vez. Sem panos quentes e na base no “se não me querem, vou embora”. Ficou. Ao menos, por ora. A saber se a diretoria banca a sequência do treinador. Resultados em campo, certamente, virão. Trata-se do melhor elenco do Brasil. Repetir a temporada 2019? Talvez, nem Jesus. O Jorge.

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