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Esta tara por comparações

renato salles1
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Comparar é algo corriqueiro e bastante útil em nosso dia a dia. Tipo: quando queremos dar um “upgrade” no nosso mais fiel companheiro do cotidiano, o celular, fazemos toda sorte de comparações entre as quase infinitas possibilidades disponíveis no mercado. Qualidade da foto; duração da bateria; acabamento; extras; e, principalmente, o preço. Tudo! Tudo entra na balança na hora de tomar a decisão mais recompensadora e menos onerosa. Neste caso, só para ficar um em exemplo banal, comparar é bom e saudável para o nosso bolso e nosso sempre instigado consumismo.

Mas certas comparações me irritam. Ao extremo, eu diria. Algumas coisas são, eu diria, incomparáveis. Já não topo mais esta besteira de quem é/foi melhor: Pelé, Maradona ou Messi? No entanto, este questionamento ronda meu papo de boteco com frequência comezinha. É o tipo de pergunta em que qualquer resposta é fustigada por um dos interlocutores. “Mas o Pelé? O Messi é alienígena!”, diz um gaiato. Para o outro, “Maradona ganhou uma Copa sozinho”, declaração quase sempre rebatida de bate-pronto: “Só jogava dopado!”. E por aí vai… Tudo para poder colocar um rótulo de “maior de história” em A ou B. Ou C. Desnecessário.

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Não consigo entender esta tara por comparações. Ainda mais quando as opções comparadas são tão “sui generis”. Pelé teve seu ápice entre os anos 1960 e 1970. Maradona, na década de 1980. Messi, nos anos 2000. Cada um vivenciou – ou vivencia – realidades diferentes. Cada um enfrentou adversários distintos. Cada um foi o gênio de sua época. Ponto. Compará-los é a mesma coisa que ombrear bananas e laranjas como coisas iguais.
“Ah, mas eu prefiro o Cristiano Ronaldo ao Messi”, diz o interlocutor querendo estender o papo. Quando isto acontece, sempre tento mudar de assunto e coloco meu segundo assunto preferido à baila: política. Todavia, não dá cinco minutos para a chatice da comparação voltar: “O amarelinho errou, mas o vermelhinho fez aquilo outro!” Ou vice-versa… E seguimos de bobo, presos em uma narrativa infantil, quando devíamos apenas manter em mente um mantra trivial: alinhado com a ideologia que você defende ou não, quem está no poder deve sempre ser cobrado por melhorias para todos. Simples assim.

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