Sou um contumaz crítico da Conmebol. Escutar o nome da entidade me remete à picaretagem. É como se fosse uma CBF de proporções continentais. No entanto, ao menos por ora, deixo a birra de lado para aplaudir a confederação, que, recentemente, marcou um gol de placa. Desde que o novo estatuto foi divulgado, em 2016, a Conmebol exige que, a partir de 2019, todos os clubes participantes da Libertadores tenham uma equipe feminina. A decisão foi comunicada ontem pela CBF aos times brasileiros e serve de alento às boleiras do país, “escanteadas” pelos gigantes do futebol tupiniquim.
A obrigação abre as portas para o pleno desenvolvimento do futebol feminino. Conhecido como a Pátria de Chuteiras, o Brasil ainda claudica quando o assunto é o enfrentamento ao machismo no âmbito esportivo. Maioria no censo, as mulheres ainda são minoria em arquibancadas – onde quase sempre são assediadas – e gramados – em que a realidade financeira das atletas é infinitamente mais pobre do que os jogadores dos grandes clubes.
Dos 20 clubes que da Série A, apenas Corinthians, Chapecoense, Flamengo, Santos, Vasco e Vitória participaram do Campeonato Brasileiro ou da Copa do Brasil de futebol feminino no ano passado. Palmeiras, atual campeão nacional, e Grêmio, campeão da Copa do Brasil, ficariam de fora da Libertadores deste ano caso a regra já estivesse em vigor.
A nova determinação não supera os problemas, mas pode minimizá-los. O mais difícil é constatar que, ainda em 2017, seja necessário criar sanções desportivas para forçar os clubes a abrirem suas portas para o futebol feminino.