A imagem de um garotinho que fez de uma sacola a camisa de seu ídolo viralizou na internet ao longo da semana. Entre tantas bobagens e lorotas que circulam nas – cada vez mais banais -redes sociais, a foto chama a atenção e destaca o lado lúdico de um esporte que move paixões, a despeito das lambanças de uma cartolagem elitista e corrupta. Não há fontes confiáveis sobre a origem foto, que mostra um menino trajado em um plástico azul e branco, com o nome de Messi e o número 10 escrito a caneta às costas. No entanto, ela diz muito sobre o atual momento do futebol brasileiro.
Em tempos em que nossa molecada sabe mais as escalações de Barcelona e Real Madrid do que as de nossos clubes, sinto saudades da época em que o mundo se dobrava à bola brasileira. Nos quatro cantos do planeta, todo garoto queria ser Pelé. Ou Zico. Ou Rivellino. Ou Romário. Ou Ronaldo. Existiam exceções, é claro, mas a cor que tingia o amor pelo futebol era o “verde-e-amarelo”. Hoje, segundo o site de vendas World Soccer Shop, apenas a camisa de Neymar aparece entre as dez mais vendidas em todo o mundo. O brasileiro ocupa a honrosa terceira colocação, atrás de Cristiano Ronaldo e de Messi, favorito entre as vestimentas oficiais e aquelas improvisadas com sacolas plásticas.
A reverência ao argentino é inconteste. Com a bola nos pés, Messi parece ser mesmo de outro planeta. Melhor de sua geração, o camisa 10 do Barça se destacaria em qualquer época. O que não entendo é o buraco em que o futebol brasileiro se enfiou, incapaz de produzir bons jogadores – em especial na linha de frente – em larga ou pequena escala. Neymar é um oásis no deserto de “volantes brucutus que sabem sair para o jogo” que dirigentes, coordenadores de categorias de base e “professores” transformaram o nosso futebol. Uma lástima.