Sei que este espaço não é voltado para a culinária e que meu chassi de frango revela minha incapacidade em considerar a gastronomia como uma arte. Mas não consegui deixar de dar meus pitacos sobre o reality show da moda. Até por que, na última terça-feira, o tema invadiu inclusive meus círculos futebolísticos nas redes sociais, e o fato é que que a decisão do tal MasterChef me ensinou algo sobre o esporte – ou sobre como enxergar o óbvio com mais clareza.
Respeito quem se dedica à gastronomia, mas sou mais afeito a uma cumbuca cheia de “arroz-feijão-bife-e-batata-frita” do que a um prato repleto de conceito e pouca comida. Mas isso não me impede de entender a regra de um jogo e perceber quem compete melhor que o outro. Acompanhando às avaliações dos jurados – lá em casa, à exceção da quarta-feira, o controle da TV é da patroa até a meia-noite -, ficou claro que a cozinheira de mão cheia era a Izabel. Até o talentoso Raul reconhecia a capacidade da adversária.
Mas, por uma razão que desconheço, a campeã não caiu nas graças do povo, que, independentemente dos méritos no fogão, escolheu apoiar Raul. É aí que entra o aprendizado antropológico do MasterChef. Por aqui, não importa quem, de fato, joga melhor. No Brasil, não se sabe perder, e quando o vencedor não é aquele que o sujeito escolhe, vale de tudo para desqualificar a vitória alheia. Assim, as teorias da conspiração e o chororô abundam.
Em outras palavras, seja no futebol ou na culinária, para a maioria comum vale o lugar-comum: farinha pouca, meu pirão primeiro!